sexta-feira, 14 de maio de 2021

Acento: Tonicidade e atonicidade - Gramática e Cognição

 Este é mais um daqueles assuntos que causam alvoroço nas pessoas, a colocação do acento nas palavras. Quando a palavra deve ou não ser acentuada? Qual sílaba leva acento? Muitas pessoas pensam que acentuar uma determinada palavra é apenas colocar o sinal diacrítico em cima da vogal e pronto, a palavra já está acentuada. Porém, a maioria das palavras possuem, pelo menos, dois acentos: um principal e um secundário.


O sinal diacrítico serve para indicar a sílaba que deve ter a pronúncia diferenciada. Há palavras que não possuem nenhum tipo de acentuação porque são palavras átonas, ou seja, sem tonicidade. Palavras muito longas podem ter o acento principal, que é o da sílaba tônica. e o acento secundário, que é aquele empregado pelo falante para marcar algum tipo de ênfase (seja no prefixo seja no sufixo).


Acento de intensidade

Palavras que são escritas de forma muito parecida são homógrafas, por serem homógrafos significam coisas diferentes, mas por meio do acento de intensidade, podemos diferenciá-las umas das outras, por exemplo: ira (subst.) / irá (verbo); vera (adj.) / verá (verbo); sábia (adj.) / sabia (verbo) / sabiá (subst.).


Dizer que o acento não é importante é um grande erro. Acentuar a palavra corretamente é determinar qual é a palavra exata a ser utilizada. Uma coisa é a ira (a raiva), outra coisa é dizer que alguém irá (vai ir) a um casamento. Nesta segunda situação, não há nenhum tipo de sentimento de raiva implícito. O mesmo acontece com a sequência sábia // sabia // sabiá. A sequência das Letras é a mesma, porém a posição da tonicidade implica, necessariamente, mudança de classe gramatical, por isso a acentuação da sílaba tônica é tão importante, já que nem sempre o contexto permite apronta e identificação da palavra.


Acento principal e secundário

As palavras que possuem mais de duas sílabas têm, necessariamente, uma sílaba tônica e uma sílaba átona, pelo menos. As sílabas que podem ser acentuadas são as tônicas. São poucos os casos de acentuação fora da sílaba tônica, geralmente a marcação ocorre na vogal nasal em posição átona, como é o caso da palavra “ímã”.


Palavras com mais de três sílabas, geralmente as formadas por derivação, possuem o acento principal (que é o da tônica) e um acento secundário de intensidade intermediária (geralmente na sílaba que corresponde à sílaba tônica original), por exemplo: em “admiravelmente” temos o acento principal em “-men-” e um acento secundário em “-ra-“. O falante também pode fazer um reforço de intensidade no prefixo para dar ênfase ao que pretende expor, por exemplo: na palavra “inconstitucional”, a tônica está na sílaba “-nal”, ao passo que pode ser feito um reforço na sílaba “in-” para evidenciar a falta de constitucionalidade em determinado ato.


Acentuação palavras tônicas e átonas

Como já foi dito a tonicidade não está  no sinal diacrítico inserido na palavra e sim diz respeito à intensidade com a qual a palavra é dita assim é possível que uma determinada palavra não tenha nenhum tipo de acento dependendo da sua posição na frase.


Em português são geralmente átonas e proclíticas as seguintes classes de palavras:


1) artigos (definidos ou indefinidos, combinados ou não com preposição):


o homem // um homem // do livro.


2) certos numerais: um livro // três velas // cem homens.


3) pronomes adjetivos antepostos (demonstrativos, possessivos, indefinidos, interrogativos):


este livro // meu livro // cada dia // que fazer?


4) pronomes pessoais antepostos:


ele vem // eu disse.


5) pronomes relativos:


A pessoa que trabalha tem salário garantido.


Observação: A palavra que só recebe acento circunflexo no fim da frase ou quando funciona como interjeição ou substantivo, neste caso, é monossílabo tônico terminado em E. Como partícula expletiva, advérbio, conjunção, preposição ou pronome, não é acentuada.


6) verbos auxiliares:


Ele tinha dito tudo o que sabia.


7) certos advérbios:


já vi, não posso, etc.


8) certas preposições:


a, de, em, com, por, sem, sob, para


9) certas conjunções:


e, nem, ou, mas, que, se, como, etc.

Fonema - Gramática e Cognição

 Dando continuidade ao assunto abordado no post anterior sobre Fonética e Fonologia, neste artigo serão tratados alguns pontos importantes sobre o que se entende por Fonema. Há duas abordagens que podem ser feitas a respeito da emissão de sons feita pelos seres humanos. Uma abordagem pode ser feita analisando-se os componentes orgânicos envolvidos no processo. A outra, que é o foco deste artigo, trata da descrição desses sons.


Fonema: O Som da fala

Como dito anteriormente, há uma série de órgãos do corpo humano envolvidos no processo da fala. Os órgãos citados são: nariz (fossas nasais) e boca; faringe, laringe e traqueia; pulmões e diafragma. As partes do corpo que estão diretamente ligados à produção de sons utilizados na fala são: boca, fossas nasais e laringe.


A boca é responsável pela maior parte dos fones emitidos. A língua, os dentes, os lábios e o palato (o palato duro, céu da boca, e o palato mole, véu palatino) são os responsáveis pelas modulações da coluna de ar proveniente dos pulmões. A articulação desses componentes interfere no tipo de fone emitido, seja ele uma vogal ou uma consoante. As vogais são produzidas na laringe, local que se encontram as cordas vocais.


Fonema: Classificação

Os estudos linguísticos concentram-se nos sons que distinguem uma palavra da outra, como em: bola – cola, faca – vaca, dado – tato – caco, etc. Esse som diferenciador é chamado de Fonema. Na palavra “tia”, seja na pronúncia carioca “tchia”, ou na gaúcha “tia”, o fonema é o mesmo /t/. Dizer “leite” ou “leitchi” não faz com que haja dúvidas de se tratar da palavra “leite”. Não são erros, mas sim regionalismos de pronúncia. A seguir, são apresentadas as classificações formais dos fonemas.


1. Vogais

As vogais são fonemas sonoros produzidos pelo escapamento do ar pela boca sem nenhum tipo de interrupção da corrente de ar e se distinguem entre si por seu timbre característico. A ressonância pode ser feita na boca ou também nas fossas nasais. As vogais podem ser agrupadas em quatro categorias:




a) Quanto à zona de articulação: anteriores, médias e posteriores.


Partindo da mais anterior para a mais posterior, naturalmente passando pela média, temos a seguinte sequência:


/i/                         /u/


    /e/                 /o/


   /ɛ/          /ɔ/


/a/


A mais anterior é /i/, a média (ou central) é o /a/ e a mais posterior é o /u/. O arredondamento dos lábios não é característico das vogais em português como visto no francês (“dessus” =acima, pronunciado “dêssî” com os lábios arredondados como na pronúncia do “u”.


b) Quanto ao timbre: abertas, fechadas.


A abertura aqui aludida se refere à posição da boca no momento da execução do fonema em questão. O fonema /a/ é o mais aberto de todos, /i/ e /u/ são os mais fechados; /ɛ/ e /ɔ/ são mais abertos do que /e/ e /o/. Normalmente a abertura do timbre das vogais numa palavra ocorre quando esta é flexionada, c[o]rpo e c[ɔ]rpos.


c) Quanto à ressonância nas cavidades bucal ou nasal: orais, nasais.


A língua portuguesa tem sete fonemas orais — /a/, /ɛ/, /e/, /i/, /ɔ/, /o/, /u/ —, e cinco fonemas nasais — /ɐ̃/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/, /ũ/.


Podemos, assim, produzir duas listas para demonstrar escrita das vogais apresentadas:


Vogais Orais: casa, teto, cebola, igreja, cova, ovo, urubu.


Vogais Nasais: também, templo, indigente, pronto, unha.


Obs.: Sempre que as letras “m” e “n” estiverem após uma vogal, esta tende a anasalar. A palavra “muito” parece ser o único caso que foge a essa regra.


d) Quanto à intensidade: tônicas, átonas.


A tonicidade da sílaba depende da intensidade e do destaque que se dá à mesma numa palavra. Todas as vogais orais (/a/, /ɛ/, /e/, /i/, /ɔ/, /o/, /u/) podem aparecer nas sílabas tônicas, por exemplo:


sustentava [sustẽ̞ˈtavɐ], estrela [ʃˈtɾelɐ], perto [ˈpɛχtu], fortes [ˈfɔχtʃiʃ], porco [ˈpoχko], Cuba [‘kubɐ]


As vogais átonas tendem a inviabilizar a distinção entre as vogais abertas e as vogais fechadas, prevalecendo estas últimas (/a/, /e/, /i/, /o/, /u/), por exemplo:


cachorro [kɐ’ʃoχu], cerveja [seɣ‘veʒɐ], cigarro [si’gaχu], orelha [o’reʎɐ], urubu [uru’bu]


Observação: Quando a vogal estiver na última sílaba, geralmente, a quantidade de vogais cai para apenas três: /a/, /i/ e /u/, como nos exemplos abaixo:


casa [‘kazɐ], poste [‘pɔtʃi], gosto [‘goʃtu]


2. Consoantes

Se não há obstrução da coluna de ar na emissão das vogais, a produção de qualquer consoante depende de alguma obstrução, ainda que sutil, da coluna de ar. Assim, podemos classificar as consoantes em quatro grandes grupos:


a) Quanto ao tipo de obstáculo oposto à corrente de ar:


oclusivas, fricativas, laterais e vibrantes


b) Quanto à zona de articulação:


bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais e velares


c) Quanto à ação das cordas vocais:


surdas e sonoras


d) Quanto à ressonância nas cavidades bucal ou nasal:


orais e nasais


Quadro geral das Consoantes

Consoantes

Oclusivas

Símbolo Palavra Transcrição

p padre [‘padri]

b barco [‘baχku]

t tenho [‘tẽjɲu]

d doce [‘dosi]

k cor [koh]

g grande [‘grãdi]

Fricativas

f faço [‘fasu]

v verso [‘vɛχsu]

s céu [sɛw]

z casa [‘kazɐ]

ʃ chapéu [ʃɐ’pɛw]

ʒ joia [‘ʒɔjɐ]

Nasais

m mar [maχ]

n nada [‘nadɐ]

ɲ vinho [‘vĩɲu]

Líquidas

l lanche [‘lãʃi]

ʎ trabalho [trɐ‘baʎu]

r caro [‘karu]

h rua [‘huɐ]



Fonema x Letras

1. Oclusiva velar surda /k/

c (antes de a, o, u): casa, cola, acuso

k (em nomes próprios de pessoas ou de lugares, originários de língua estrangeira, assim como em seus derivados): Kant, kantismo

qu (antes de e, i): quero, aqui

q (antes de u semivogal): quase.


2. Oclusiva velar sonora /g/

g (antes de a, o, u): gato, agora, gume

gu (antes de e, i): guerra, águia

g (antes de u semivogal): sagui


3. Fricativa labiodental sonora /v/

v: vela

w (em nomes próprios de pessoas ou de lugares, originários de língua estrangeira, assim como em seus derivados): Wagner, wagneriano


4. Fricativa alveolar surda /s/

s: sala, sino, valsa

ss (entre vogais): nosso, missal

c (antes de e e i): céu, cego, macio

ç (antes de a, o, u): poça, maço, beiçudo

x : máximo, sintaxe, próximo


5. Fricativa alveolar sonora /z/

z: zagal, zebra, azar, vizinho

s: asa, casebre, vasilha, usual

x: exame, exemplo, exímio


6. Fricativa palatal surda /ʃ/

x : xarope, peixe, lixo

ch: chave, flecha, piche


7. A fricativa palatal sonora /ʒ/

j: já, jeito, hoje, jiló

g (antes de e, i): gente, gíria


8. Lateral alveolar /l/

l: lobo, leite, líquido


9. Lateral palatal /ʎ/

lh: telha, galho, palha, ílhavo


10. Vibrante velar simples /h/

r: rosto, corça, genro, falar

rr (entre vogais): erro, terra


11. Vibrante velar múltipla /r/

r: crosta, troça, trabalho


3. Semivogais

Somente as vogais “i” e “u” podem ser consideradas semivogais, compondo os ditongos ai, ei, oi, ui, au, eu, iu e ou. Este assunto será melhor abordado mais abaixo, na parte “Hiato, Ditongo, Tritongo e Encontros instáveis”.


Sílaba e sua estrutura

Uma sílaba pode ser formada com V, VSv, VSvC, VCC, CV, CVSv, CCV, CVCC, etc. Sempre deve haver pelo menos uma vogal para que determinado grupo de letras seja entendido como sílaba.


Ordinariamente os vocábulos portugueses possuem de uma a sete sílabas. São raros os que têm oito ou mais, e mesmo os de sete já não se encontram com muita frequência. A gramática consagrou a seguinte nomenclatura:

a) Monossílabo: Vocábulo de uma sílaba;

b) Dissílabo: Vocábulo de duas sílabas;

c) Trissílabo: Vocábulo de três sílabas;

d) Polissílabo: Vocábulo de quatro ou mais sílabas.


Hiato, Ditongo, Tritongo e Encontros instáveis

Dos encontros vocálicos possíveis, há aqueles que ocorrem em sílabas diferentes, ou seja, duas vogais estão próximas sem a interpolação de uma consoante ou de uma semivogal. Esse tipo de encontro vocálico é denominado Hiato, exemplos: graal, reeleger, niilista, cooperar, aéreo, baeta, aorta, caolho, beato, oboé, beócio, feérico, coorte, etc.


Havendo encontro vocálico na mesma sílaba, passa a ser denominado Ditongo, quando há uma vogal e uma semivogal, ou Tritongo, quando há uma vogal e duas semivogais. Exemplos de Ditongos: quase, qualidade, quota, equestre, oblíqua, igual, água, herói, assembleia, Coreia, etc. Exemplos de Tritongos: quais, averiguei, delinquiu, Paraguai, etc.


Mas nem tudo são flores, há encontros que podem ser classificados como Hiato ou Ditongo, dependendo do falante. Exemplos de casos especiais:


1) Os encontros ia, ie, io, ua, ue, uo (átonos e finais de vocábulo):


ausência, série, pátio, árdua, tênue, vácuo.


2) Os encontros de i ou u (átonos) com a vogal seguinte (tônica, ou átona):


piaga, fiel, prior, muar, suor; crueldade, violento, persuadir.


Esses ditongos são variáveis. Os decrescentes são os verdadeiros ditongos.


Encontro consonantal

Não há apenas encontros vocálicos nas palavras, muitas palavras apresentam duas ou mais consoantes. Esse encontro pode ser na mesma sílaba ou em sílabas consecutivas.


a) Na mesma sílaba:


Os do primeiro tipo, inseparáveis, são habitualmente denominados grupos consonantais, e têm quase sempre como segunda consoante “l” ou “r”, mas também pode ocorrer com “pn” e “gn”.


Exemplos:

bl — bloco, bíblia

br — brisa, abrir

cl — clima, tecla

cr — cravo, lacrar

fl — flores, aflição

fr — fraco, sofrer

gl — glória, inglês

gr — grande, negro

pn — pneumático

gn — gnomo


b) Em sílabas consecutivas:


Quando uma consoante está localizada no final da sílaba (coda silábico) e imediatamente é sucedida por consoante, também se considera encontro consonantal.


Exemplos:


b/s — absoluto

d/v — advertir

c/c — convicção

f/t — afta

c/t — aspecto

t/m — ritmo


Separação de sílabas

Há casos em que não é possível escrever a palavra até o final da margem. Quando isso ocorrer, deve-se escrever a sílaba inteira numa linha e, na seguinte, escreve-se o restante da palavra, conforme mostrado a seguir.


“Olá, povo! A partir de hoje, quem quiser tirar dúvidas sobre Gramá-

tica vai ter ajuda. Sou formado em Letras pela UFRJ, com mestrado

em Letras Vernáculas.”


CUIDADO!!!!!

1 ) O “ch” (chave, machado), o “Ih” (palha, milharal), o “nh” (ninho, banheiro), o “rr” (carro), o “ss” (passo), bem como o qu e o gu (em palavras, como, respectivamente, querer e guerra) NÃO são grupos consonantais, nem encontros disjuntos. São Dígrafos, isto é, reuniões de duas letras para a transcrição de um fonema.


2) O “m” e o “n” pós-vocálicos não formam encontro disjunto com a consoante seguinte, pois não são consoantes e sim meros sinais diacríticos de nasalização (valem tanto quanto o til): cam-po, son-so.


3) Certas combinações podem determinar a formação de grupos consonantais, ou de encontros disjuntos. É o caso, por exemplo, de bl: é grupo em ablativo (a-bla-ti-vo), e encontro disjunto em sublinhar (sub-li-nhar).


4) Na pronúncia-padrão, é mudo o /s/ — embora se escreva — em palavras com sc (pis-cina, des-cer), sç (cres-çam, flo-res-çam) e xc (ex-ce-ção, ex-ce-len-te).

Nomenclatura Gramatical Brasileira - simplificada

 DIVISÃO DA GRAMÁTICA: Fonética, Morfologia e Sintaxe.

INTRODUÇÃO: Tipos de Análise: Fonética, Morfológica e Sintática.

PRIMEIRA PARTE

Fonética

I – A FONÉTICA pode ser: Descritiva, Histórica e Sintática.

II – FONEMAS: vogais, consoantes e semivogais.

1. Classificação das vogais – Classificam-se as vogais:

a) quanto à zona de articulação, em: anteriores, médias e posteriores;

b) quanto ao timbre, em: abertas, fechadas e reduzidas;

c) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais;

d) quanto à intensidade, em: átonas e tônicas.

2. Classificação de consoantes – classificam-se as consoantes:

a) quanto ao modo de articulação, em: oclusivas, constritivas: fricativas, laterais e vibrantes;

b) quanto ao ponto de articulação, em: bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais e velares;

c) quanto ao papel das cordas vocais, em: surdas e sonoras;

d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais.

III – 1. Ditongos – Classificam-se os ditongos em: crescentes e decrescentes; orais e nasais.

2. Tritongos – Classificam-se os tritongos em: orais e nasais.

3. Hiatos.

4. Encontros Consonantais.

Nota: Os encontros – ia, ie, io, ua, ue, uo finais, átonos, seguidos ou não de s, classificam-se quer como ditongos, quer como hiatos uma vez que ambas as emissões existem no domínio da Língua Portuguesa.

IV – Sílaba – Classificam-se os vocábulos, quanto ao número de sílabas, em: monossílabos, dissílabos, trissílabos e polissílabos

V – Tonicidade:

1. Acento: principal e secundário.

2. Sílabas: átonas: pretônicas e postônicas; subtônicas; tônicas.

3. Quanto ao acento tônico, classificam-se os vocábulos em: oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.

4. Classificam-se os monossílabos em: átonos e tônicos. 

5. Rizotônico; arrizotônico.

6. Ortoépia.

7. Prosódia.

8. Acento de insistência, emocional ou enfático.

Nota: São átonos os vocábulos sem acentuação própria, isto é, os que não têm autonomia fonética, apresentando-se como sílabas átonas do vocábulo seguinte ou do vocábulo anterior. São tônicos os vocábulos com acentuação própria, isto é, os que têm autonomia fonética. Pode ocorrer que, conforme mantenha, ou não, sua autonomia fonética, o mesmo vocábulo seja átono numa frase, porém, tônico em outra. Tal pode acontecer, também, com vocábulos de mais de uma sílaba: serem átonos numa frase, mas tônicos em outra.

SEGUNDA PARTE

Morfologia

Trata a Morfologia das palavras:

1. Quanto a sua estrutura e formação.

2. Quanto a suas flexões e

3. Quanto a sua classificação e emprego.

I - Estrutura das palavras:

a) Raiz; Radical; Tema; Afixo; prefixo e sufixo; Desinência: nominal e verbal; Vogal temática; Vogal e Consoante de ligação.

b) Cognato.

II – Formação das palavras: 1 – Processo de formação de palavras: Derivação: prefixal ou prefixação, sufixal ou sufixação, prefixal e sufixal, parassintética ou parassíntese, regressiva, imprópria ou conversão; Composição: justaposição, aglutinação; 

2 – Processos secundários: 2 – Hibridismo; 3 – Onomatopeia; 4 – Abreviação vocabular ou redução; 5 – Sigla;

3 - Processos de renovação da língua: 6 – Palavra-valise ou amálgama; 7 – Neologismo; 8 – Estrangeirismo ou empréstimo linguístico; 9 – Decalque; 10 – Gíria.

III – Flexão das palavras: quanto à sua flexão as palavras podem ser: variáveis ou invariáveis.

Variáveis:

gênero, número e grau – substantivos e adjetivos

gênero e número – artigos e numerais

gênero, número e pessoa – pronomes

número, pessoa, tempo, modo e voz – verbos

IV - Classificação das palavras: substantivos, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

I – Substantivos

1. Classifica-se os substantivos em: comuns e próprios; concretos e abstratos. Entre os comuns, incluem-se os coletivos. 

2. Formação do substantivo: primitivo e derivado; simples e composto.

3. Flexão do substantivo:

a) em gênero: masculino; feminino, epiceno; comum de dois gêneros; sobrecomum; heterônimo.

b) em número: singular e plural;

c) em grau: aumentativo; diminutivo.

4. Locução substantiva.

II – Artigo

1. Classificação do artigo: definido, indefinido.

2. Flexão do artigo:

a) gênero: masculino e feminino;

b) número: singular e plural.

III – Adjetivo:

1. Formação do adjetivo: primitivo e derivado; simples e composto; explicativo; restritivo; pátrio; gentílico.

2. Flexão do adjetivo:

a) em gênero: masculino e feminino;

b) em número: singular e plural; 

c) em grau: comparativo de igualdade; de superioridade (analítico e sintético); de inferioridade.

Superlativo: relativo (de superioridade e de inferioridade); absoluto (sintético e analítico).

3. Locução adjetiva.

IV – Numeral:

1. Classificação do numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo, fracionário, coletivo.

2. Flexão do numeral: em gênero: masculino e feminino; em número: singular e plural. Em linguagem informal e literária, pode ocorrer flexão de grau.

Nota: os que acompanham os substantivos chamam-se numerais adjetivos; os que substituem, pronomes substantivos.

V – Pronome

1. Classificação do pronome: pessoal: reto, oblíquo (reflexivo, recíproco); de tratamento; possessivo; demonstrativo; indefinido; interrogativo; relativo.

Nota: Assim como os numerais, os que substituem e retomam os substantivos chama-se pronomes substantivos; os que acompanham, pronomes adjetivos.

2. Flexão do pronome:

a) em gênero: masculino e feminino.

b) em número: singular e plural.

c) em pessoa: primeira, segunda e terceira.

3. Locução pronominal.

VI – Verbo

1. Classificação do verbo: regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante, auxiliar, reflexivo, impessoal, unipessoal, vicário.

2. Conjugações: três são as conjunções: a primeira com o tema terminado em “A”; a Segunda com o tema terminado em “E”; a terceira com o tema terminado em “I”.

Nota: O verbo “pôr” (e os dele formados) constitui anomalia da 2ª conjugação.

3. Formação do verbo: primitivo e derivado; simples e composto.

4. Flexão do verbo:

a) de modo: indicativo, subjuntivo e imperativo;

b) formas nominais do verbo: infinitivo (pessoal e impessoal); gerúndio; particípio (regular e irregular)

c) de tempo: presente; pretérito: imperfeito; perfeito (simples e composto); mais-que-perfeito (simples e composto); futuro do presente (simples e composto) e do pretérito (simples e composto).

Nota: A denominação futuro do pretérito substitui a de condicional, que subsiste em Portugal;10

d) de número: singular e plural;

e) de pessoa: três são as pessoas do verbo: 1ª, 2ª e 3ª;

f) de voz: ativa; passiva (analítica, sintética ou pronominal); reflexiva (propriamente dita, recíproca)

5. Locução verbal.

VII – Advérbio:

1. Classificação do advérbio:

a) de lugar; de tempo; de modo; de negação; de dúvida; de intensidade; de afirmação; de negação; de dúvida.

b) advérbios interrogativos: de lugar, de tempo, de modo, de causa, de preço e intensidade, de finalidade.

2. Flexão do advérbio: de grau: comparativo; de igualdade, de superioridade e de inferioridade; superlativo absoluto (sintético e analítico); diminutivo.

3. Locução adverbial.

Notas:

a) Podem alguns advérbios estar modificando toda a oração. 

b) Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios terão classificação à parte. São palavras que denotam adição, afastamento, afetividade, aproximação, exclusão, explicação, inclusão, limitação, realce (ou expletiva), retificação, situação, etc.

VIII – Preposição:

1. Classificação das preposições: essenciais, acidentais.

2. Combinação.

3. Contração. Entre as contrações, inclui-se a crase.

4. Locução prepositiva.

IX – Conjunção:

1. Classificação das conjunções: coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas; subordinativas: integrantes e adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais, consecutivas, finais, temporais, proporcionais e conformativas.

Nota: As conjunções que, porque, porquanto, etc., ora têm valor coordenativo, ora subordinativo; no primeiro caso, chama-se explicativas, no segundo, causais. 15

2. Locução conjuntiva

X - Interjeição

Locução interjetiva.

XI – 1. Palavra.

2. Vocábulo.

3. Termo.

4. Forma variante.

5. Conectivo.

TERCEIRA PARTE

Sintaxe

A – Divisão da sintaxe:

a) Concordância: nominal e verbal

b) Regência: verbal e nominal

c) Colocação

d) Ordem direta e inversa (ou indireta).

Nota: Na colocação dos pronomes oblíquos, adotem-se as denominações de próclise, mesóclise e ênclise. 

B – Análise Sintática:

I – Da Oração:

1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado.

a) Sujeito: simples, composto, oculto (elíptico, implícito, subentendido ou desinencial), indeterminado, inexistente.

b) Predicado: nominal, verbal, verbo-nominal.

c) Predicativo: do sujeito e do objeto.

d) Predicação verbal: verbo de ligação; verbo transitivo (direto, indireto e direto e indireto); verbo intransitivo; verbo transobjetivo; verbo transitivo circunstancial; verbo tritransitivo; verbo birrelativo.

2. Termos integrantes da oração:

a) complemento nominal;

b) complemento verbal: objeto direto, direto preposicionado, direto pleonástico, direto interno (intrínseco ou cognato), indireto, indireto pleonástico e indireto por extensão (dativos);

c) agente da passiva.

3. Termos acessórios da oração: 

a) adjunto adnominal;

b) adjunto adverbial;

c) aposto;

4. Termo independente da oração:

vocativo

II – Do período:

1. Tipos de período: simples e composto.

2. Composição do período: coordenação e subordinação.

3. Classificação das orações:

a) absoluta;

b) principal;

c) coordenada: assindética; sindética: aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva, explicativa;

quando sindéticas - iniciadas por conjunção coordenativa

d) subordinada; substantiva: subjetiva, objetiva (direta e indireta), completiva nominal, apositiva, predicativa, agente da passiva; adjetiva: restritiva, explicativa; adverbial: causal, comparativa, concessiva, condicional, conformativa, consecutiva, final, proporcional, temporal, modal, locativa.

substantivas - iniciadas por conjunção integrante, pronome ou advérbio interrogativo;

adjetivas - iniciadas por pronome relativo;

adverbiais - iniciadas por qualquer conjunção subordinativa, com exceção das integrantes.

As orações subordinadas podem apresentar-se, também, sem conjunção ou pronome relativo, mas com preposição ou locução prepositiva e com os verbos numa de suas FORMAS NOMINAIS; chamam-se, neste caso, reduzidas: de infinitivo, de gerúndio, de particípio, as quais se classificam como as desenvolvidas: substantivas (subjetiva etc.), adjetivas, adverbiais (temporais etc.). Uma oração coordenada aditiva pode ser reduzida de gerúndio.

Notas: 1. Pode haver oração coordenada e principal ao mesmo tempo, orações subordinadas de mesma função sintática coordenadas entre si ou orações principais coordenadas entre si. Neste caso, o período  se chama misto. 

As orações que não são desenvolvidas nem reduzidas se chamam justapostas, e orações que se interpõem a outra para esclarecer, fazer ressalva, advertir etc., se chamam intercaladas ou interferentes.

2. Na classificação da oração subordinada bastará dizer-se: oração subordinada substantiva subjetiva (ou qualquer outra), oração subordinada adjetiva restritiva (ou explicativa), oração subordinada adverbial causal (ou qualquer outra)

APÊNDICE

I – Figuras de Linguagem:

Figuras de sintaxe:

Omissão – assíndeto, elipse e zeugma

Repetição – anáfora, pleonasmo e polissíndeto

Inversão – hipérbato, sínquise, anástrofe e hipálage

Ruptura – anacoluto

Concordância ideológica – silepse

Figuras de pensamento – antítese, paradoxo ou oxímoro, ironia, eufemismo, hipérbole, prosopopeia ou personificação, gradação ou clímax e apóstrofe

Figuras de palavras ou tropos – comparação ou símile, metáfora, metonímia ou sinédoque, catacrese, perífrase ou antonomásia e sinestesia

Figuras de som ou harmonia – aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia

II – Gramática Histórica – Aférese, altura (som), analogia, apócope, anaptixe, apofonia, assimilação (total, parcial, progressiva, regressiva), consonantização, dissimilação (total, parcial, progressiva, regressiva), ditongação, divergente, elisão, empréstimo, epêntese, etimologia, haplologia, hiperbibasmo, intensidade (som), metáfase, mesalização, neologismo, palatalização, paragoge, patronímico, prótese, síncope, sonorização, substrato, superstato, vocalismo, vocalização.

III – Ortografia – Abreviatura, abreviação, sigla, símbolo, alfabeto, dígrafo (grupo de letras que representam um só fonema. Ex.: ch (chave), gu (guerra), qu (quero), rr (carro), lh (palha), ss (passo), nh (manhã); homógrafo, homófono, letra (maiúscula e minúscula). 

Notações léxicas: acento agudo, grave, circunflexo, apóstrofo, cedilha, hífen, til, trema.

IV – Pontuação

Sinais de pausa – ponto, vírgula, ponto e vírgula

Sinais de entonação – dois-pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação, reticências, aspas, parênteses, travessão

Sinais auxiliares – barra, colchetes, asterisco, parágrafo, alínea

V – Significação das palavras – Sinônimo, antônimo, homônimo, parônimo, hiperônimo, hipônimo, campo lexical, campo semântico, polissemia, denotação, conotação.

VI – Vícios de linguagem – Barbarismo, solecismo, cacófato ou cacofonia, estrangeirismo, pleonasmo vicioso, tautologia ou redundância, ambiguidade ou anfibologia, colisão, eco, hiato, arcaísmo, preciosismo ou prolixidade, vulgarismo, gerundismo, queísmo, parequema.

VII – Elementos da comunicação – Emissor, receptor, mensagem, canal, referente ou contexto, código.

VIII – Funções da linguagem – Emotiva ou expressiva, apelativa, conativa ou imperativa, referencial, denotativa ou informativa, fática, metalinguística, poética ou estética.

IX – Tipos de discurso – Direto, indireto, indireto livre.

X – Tipos textuais – Narrativo, descritivo, dissertativo (argumentativo e expositivo), explicativo (injuntivo e prescritivo), dialogal (ou conversacional), preditivo.

Sufixos - Gramática e Cognição

Já tratamos do processo de Prefixação, mostrando como esse processo derivacional é importante e enriquece o léxico português. Olhando para a ponta esquerda da base lexical, temos os prefixos, na outra ponta da palavra, temos os Sufixos. Neste artigo trataremos dos processos que envolvem a Sufixação e algumas implicações.


 

 

O que são Sufixos?

Vimos que os prefixos ainda guardam algum resquício de sentido da palavra original, adicionando essa informação à nova palavra base, o sentido da palavra primitiva, os sufixos, vazios de significação, têm por finalidade formar séries de palavras da mesma classe gramatical. Assim, por exemplo, o único papel do sufixo ez é criar substantivos abstratos, tirados de adjetivos: altivo — altivez; estúpido — estupidez; malvado — malvadez; surdo — surdez, etc.


Principais Sufixos

SUFIXOS LATINOS

ADA (forma substantivos de substantivos): boiada, colherada, facada, laranjada, marmelada, meninada, noitada, pedrada, pincelada, risada.

AGEM (forma substantivos de substantivos): aprendizagem, estiagem, ferragem, folhagem, malandragem, vadiagem.

AL (forma adjetivos e substantivos de substantivos): genial, mortal, pessoal; areai, arrozal, bananal, pantanal, roseiral.

ANO, ÃO (forma adjetivos de substantivos): americano, mundano, republicano, romano, serrano; beirão, comarcão, cristão, vilão.

ÃO (ampliado em alhão, arrão, eirão, zarrão, figura na formação do aumentativo): casarão, chapeirão, grandalhão, homenzarrão, toleirão, santarrão.

ARIA, ERIA (forma substantivos de substantivos): alfaiataria, cavalaria, drogaria, feitiçaria, luvaria, maquinaria, pedraria, pirataria, rouparia. Na linguagem brasileira de nossos dias, têm eria as seguintes palavras: bateria (importada do francês), correria, galeria, leiteria, loteria (importada do italiano), parceria, sorveteria.

ÁRIO, EIRO, A (forma substantivos de substantivos): boticário, campanário, estatuário; barbeiro, cajueiro, galinheiro, nevoeiro, toureiro; cabeleira, cigarreira, pedreira, pulseira.

ATO, ADO (forma substantivos de substantivos): baronato, sindicato, tribunato; arcebispado, apostolado, bacharelado, condado, consulado, principado. Ado é o representante vernáculo de ato.

DADE (forma substantivos de adjetivos): bondade, castidade, cristandade, crueldade, dignidade, divindade, facilidade, falsidade, maldade, ruindade.

DOR, TOR, SOR (forma substantivos de verbos): acusador, armador, carregador, comprador, corredor, pescador, roedor, salvador; instrutor, tradutor; ascensor, confessor.

DURA, TURA, SURA (forma substantivos de verbos): assadura, atadura, ditadura, fechadura, urdidura; assinatura, abertura, cobertura, escritura; clausura, mensura.

EAR (forma verbos de substantivos): barbear, cartear, golpear, guerrear, pastorear, rodear, vozear.

ECER (forma verbos de substantivos): amanhecer, amarelecer, anoitecer, entardecer, escurecer, favorecer.

EDO (forma substantivos de substantivos): arvoredo, lajedo, olivedo, passaredo, rochedo, vinhedo.

EJAR (forma verbos de substantivos): cortejar, gotejar, lacrimejar, manejar, velejar, voejar.

ENSE, ÊS (forma adjetivos de substantivos): ateniense, cearense, paraense, parisiense, vassourense, vienense; cortês, montanhês, montês, português.

EZ, EZA (forma substantivos de adjetivos): altivez, estupidez, malvadez, sensatez, surdez; beleza, certeza, moleza, rudeza, tristeza.

FICAR (forma verbos de substantivos e adjetivos): exemplificar, petrificar; dignificar, falsificar, purificar.

CIE, ICE (forma substantivos de adjetivos): calvície, planície, criancice, doidice, meninice, tolice, velhice.

IO (forma substantivos de substantivos): mulherio, poderio, rapazio, senhorio.

ITAR e INHAR (formam verbos de substantivos): saltitar, cuspinhar.

IVO (forma adjetivos de verbos): afirmativo, comparativo, fugitivo, lucrativo, pensativo.

MENTO (forma substantivos de verbos): casamento, cerceamento, conhecimento, esquecimento, fingimento, impedimento, pensamento.

OSO (forma adjetivos de substantivos): cheiroso, famoso, garboso, gostoso, montanhoso, orgulhoso, teimoso, volumoso.

TÓRIO, DOURO (forma substantivos de verbos): dormitório, laboratório, oratório, purgatório; ancoradouro, bebedouro, matadouro, sorvedouro. O sufixo erudito tório ainda forma adjetivos:

divinatório, notório, satisfatório, transitório.

TUDE, DÃO (forma substantivos de adjetivos): altitude, amplitude, latitude, longitude; certidão, escuridão, frouxidão, lassidão, mansidão, vastidão.

UDO (forma adjetivos de substantivos): beiçudo, bicudo, cabeçudo, carnudo, narigudo, peludo, sisudo.

URA (forma substantivos de adjetivos): amargura, brancura, doçura, frescura, loucura, ternura.

VEL, BIL (forma adjetivos de verbos): amável, desejável, discutível, louvável, removível, solúvel, suportável; flébil, ignóbil. Ainda hoje figuram tais formas nos superlativos eruditos (amabilíssimo, terribilíssimo) e nos substantivos abstratos derivados de muitos adjetivos (amabilidade, volubilidade).

SUFIXOS GREGOS

IA: astronomia, filosofia, geometria, energia, eufonia, profecia.

ISMO: aforismo, cataclismo, catolicismo, comunismo, jornalismo.

ISTA: catequista, evangelista, modernista, nortista, socialista.

ITA: eremita, jesuíta, israelita, selenita.

ITE: bronquite, colite, dinamite, rinite.

IZ(AR): batizar, catequizar, realizar, rivalizar, suavizar. Não confundir com os verbos cujo radical termina em iz (ajuizar, de juiz; enraizar, de raiz), ou em is (avisar, de aviso; alisar, de liso; encamisar, de camisa).

OSE: esclerose, osteose, tuberculose.

TÉRIO: batistério, cemitério, necrotério.

SUFIXOS DE OUTRAS PROCEDÊNCIAS

1) Ibéricos


EGO: borrego, labrego, pelego.

EJO: andejo, animalejo, lugarejo, quintalejo.

ITO, A: cabrita, casita, Anita.

ORRA: cabeçorra, machorra, manzorra.

2) Italiano


ESCO: dantesco, gigantesco, parentesco.

3) Germânicos


ARDO: felizardo, moscardo. Aparece em alguns nomes próprios: Bernardo, Leonardo, Ricardo, e em nomes comuns, como bastardo, de conotação ofensiva.

ENGO: mulherengo, realengo, solarengo, verdoengo. Com a forma engue figura em perrengue.

4) Tupi


RANA: caferana, sagarana.

5) De origem desconhecida


AMA: dinheirama, mourama.

ANCO, A: barranco, pelanca, potranca.

ASCO, A: pardavasco, verdasca.

EBRE: casebre.

ECO, A: jornaleco, livreco, padreco, soneca.

ICO: burrico.

OTE: filhote, pequenote, serrote, velhote.

Questões importantes

De certa maneira, há sufixos especiais que dão informações específicas sobre Tempo, Modo, Número e Pessoa gramatical. Também chamados de Desinências, esses tipos de morfemas apresentam duas informações específicas: Sufixo Modo-Temporal (SMT) e Sufixo Número-Pessoal (SNP). Esses sufixos verbais merecem tratamento diferenciado e serão abordados em outro artigo.


Lemle (2002) estudou os sufixos -ejar, -ear, -izar, -ecer, -fazer e -ficar. Note-se que são sufixos alocados entre a raiz e as desinências verbais. A autora trata particularmente de cada um, discutindo: quais deles podem ser considerados verbalizadores; quais os critérios de seleção semântica restringem a combinação entre raízes e sufixos; qual seria o princípio de conexão entre a semântica e se a sintaxe interfere na (in)transitividade do verbo derivado.


Lemle (2002, p. 322) conclui da seguinte maneira:


Morfemas categorizadores de verbo são -ece, -iza e zero.

Resgatar em Hale e Keyser a preposição nula parece útil para entender propriedades de regência, propriedades aspectuais e propriedades das seleções de novos morfemas categoriais.

Aspecto não é um morfema, mas um resultado interpretativo.

Operações semânticas como mudança de tipo operam na derivação on-line e têm efeito no prosseguimento da computação. Os domínios que restringem essas operações é uma questão que deverá ser aprofundada. Nominalizadores são sensíveis a aspecto quando este é sintaticamente expresso, ainda que apenas como resultado da computação semântica.

Prefixos - Gramática e Cognição

 A prefixação é um dos processos de criação de novas palavras bastante fácil. Os prefixos são morfemas que agregam significado sem alterar drasticamente o sentido da base, mas há casos que essa premissa não ocorre em todos os casos. Em “exceder”, “preceder” e “proceder”, não temos tão nítida a ideia de ceder, tampouco se percebe a derivação por meio dos prefixos “ex-“, “pre-” e “pro-“. Neste artigo vamos tratar de um tipo de Derivação bastante produtivo, a Prefixação.


 

 

Prefixos: Quais são e de onde vieram?

Os prefixos utilizados em língua portuguesa são oriundos de duas línguas mortas: latim e grego. Ainda que haja falantes de grego atualmente, o grego do século XXI falado na atual Grécia não é o mesmo que cedeu prefixos e radicais para a composição do Português.


CORRESPONDÊNCIA DE PREFIXOS GREGOS E LATINOS

GREGOS LATINOS

A, AN (acéfalo, anônimo) DES, IN (desleal, incapaz)

AMPHÍ (anfíbio, anfiteatro) AMBI (ambidestro, ambíguo)

ANTÍ (antagonista, antídoto) AB (abuso, aberrar)

APÓ (apóstolo, apóstata) CONTRA (contraveneno, contradizer)

Dl (dígrafo, ditongo) BI, BIS (bípede, bisneto)

DIÁ (diáfano, diagnóstico) TRANS (translúcido, transpassar)

EK, EX (êxodo, exorcismo) EX (excêntrico, expatriar)

EN (encéfalo, energia) IN (ingerir, incrustar)

ÉNDON (endocárdio, endocarpo) INTRA (intravenoso, intramuscular)

EPÍ (epiderme, epitáfio) SUPER (superpor, supercílio)

EU (eufonia, evangelho) BENE (benefício, benévolo)

HÊMI (hemiciclo, hemistíquio) SEMI (semicírculo, semimorto)

HYPÓ (hipoderme, hipótese)

SUB (subsolo, subterrâneo)

KATÁ (cataclismo, catástrofe) DE (decapitar, demolir)

PARÁ (paradigma, paralelo)

AD (advogado, adjunto)

PERÍ (perímetro, perífrase) CIRCUM (circumpolar, circunferência)

SYN (simpatia, sincronia) CUM (cúmplice, colega)

PREFIXOS LATINOS

ABS, AB (afastamento): abster, abstrair, abdicar, aberrar, abjurar, abuso.

AD (movimento para, aproximação): adjacente, adjunto, adorar, adventício, advogado. Precedente palavra começada por c, f, g, l, n, p, r, s, t, o d deste prefixo assimila-se a tais consoantes, dando-se posteriormente a simplificação das geminadas, exceto quanto ao r e ao s: acrescentar, afirmar, aparecer; arrendar, arrogar; assimilar, assinar. Este prefixo apresenta a forma vernácula a:

abraçar (de braço), amadurecer (de maduro), avivar (de vivo), aposto (de pôr).

AMBI (duplicidade): ambidestro, ambiente, ambigüidade, ambivalente.

ANTE (anterioridade, precedência): antebraço, anteceder, antedatar, anteontem, antepor, antessala. Tem a forma ant na palavra antolhos.

BIS (repetição): bisavô, biscoito, bisneto. Aparece também com a forma bi: biênio, bifronte, bimestre.

CIRCUM (movimento em torno): circunferência, circunlóquio, circumpolar, circunscrito, circunvagar. Assume a forma circu em circuito (circu + itum, supino de ire).

CIS (posição aquém): cisatlântico, cisandino, cisplatino.

CONTRA (oposição): contradizer, contrapeso, contraprova, contraveneno, contraindicação.

CUM (concomitância, reunião): A forma latina cum figura em raras palavras portuguesas (cúmplice, cumprir), em que, aliás, já se perdeu o sentimento da derivação. A produtiva é a forma vernácula com, que se apresenta como con antes de consoante que não seja b ou p; co antes de vogal; cor antes de r. Seguindo-se-lhe m ou /, dá-se uma assimilação, simplificando-se depois as geminadas. Exemplos: combater, combinar, compor, comprimir, condensar, confundir, conjurar, consoante; correligionário, corroborar; coexistir, coirmão; comover, colaborar, colégio.

DE (movimento de cima para baixo, subordinação, intensidade, privação, oposição): decapitar, decrescer, deformar, demolir, depenar, depender, demitir, detonar, derivar, demonstrar, decompor, depor.

DES (separação, privação, ação contrária, negação): desfazer, desfolhar, desleal, desmascarar, desonesto, desprotegido, destravar, desumano.

DIS (movimento para diversos lados, ação contrária): discordar, discutir, disseminar, disjungir, distender. Antes de palavra encetada por g, /, m, n , r e v, reduz-se a di: digerir, dilacerar, diminuir, divagar. Antes de f, dá-se a assimilação do s de dis, com posterior simplificação das geminadas:

difícil (dis + fácil), outrora grafado diffícil.

EX (movimento para fora, estado anterior): excêntrico, expatriar, expectorar, expelir, expor, exportação, exprimir, expulsar; ex-diretor. Apresenta as formas vernáculas es e e: esburacar, escorrer, espernear, espraiar, estender; efusão, emigrar, eleger, evadir, erudito. Às vezes substitui-se es por des: esfarelar ou desfarelar, estripar ou destripar, escampado ou descampado.

EXTRA (posição exterior, excesso): extralinguístico, extramuros, extranumerário, extraordinário, extraviar.

IN (há dois prefixos in, de origens diversas): Um indica movimento para dentro; é o contrário de ex:

incrustar, incorrer, induzir, ingerir, importar, imprimir, que aparece reduzido a n em namorar. Com esta significação, assume a forma vernácula en: enraizar, enterrar, entroncar. O outro expressa negação, privação: incapaz, incômodo, indecente, inútil, impuro. Em ambos os casos, escreve-se ir antes de r, e i antes d e l em , em consequência da assimilação do n de in às referidas consoantes, posteriormente simplificadas: irromper, irrigar, iludir, iluminar, imigrar; ilícito, imutável.

INTER (posição no meio): interamericano, internacional, interplanetário, interromper, intervir. A forma vernácula é entre: entreabrir, entreato, entrelaçar, entrelinha, entretela, entrever.

INTRA (posição dentro de alguma coisa): intramuscular, intraverbal, intravenoso, intracelular, intranet.

INTRO (movimento para dentro): introduzir, intrometer, introspectivo, introvertido.

OB (posição em frente): obstáculo, obstar, obstruir, obter, obviar. Antes de c, f, p e m, toma a forma o, em razão de o b de ob se assimilar às mencionadas consoantes, simplificando-se depois as geminações: ocorrer, ocupar, ofício, ofuscar; opor, oportuno; omissão.

PER (movimento através): percorrer, perdurar, perjurar, perplexo, permeável.

PRE (anterioridade): preceder, precipitar, prefácio, prefixo, preliminar, preposição.

PRO (movimento para a frente, substituição): progresso, promover, prometer, propelir, prorromper, prosseguir, pronome.

RE (movimento para trás; repetição): refluir, refrear, regredir; reatar, reaver, reconstruir, redizer, renascer. Às vezes tem valor superlativo, como em tolo e retolo, minha e reminha, seu e resseu, velho e revelho. Em recusar, rejeitar e reprovar, tem sentido negativo.

RETRO (movimento mais para trás): retroagir, retrocesso, retrógrado, retrospectiva, retroativo.

SEMI (metade): semicírculo, semideus, semimorto, semivogal, semifinal, seminu, semirreta, semiárido.

SUPER (posição em cima): supercílio, supérfluo, supersensível, superpor, superprodução. Tem a forma vernácula sobre: sobrescrito, sobreviver, sobrepor.

SUPRA (também posição em cima): supracitado, supradito, suprarrenal.

SUB (movimento de baixo para cima; posição inferior): subir, subjugar, submeter, subverter; subdiretor, suboficial, sub-raça, subsolo. Apresenta a forma sus, por subs (como ab por abs): suscitar, suspender, sustentar, suster. Assimila-se o b de sub à consoante inicial de palavra começada por c , f , g t p, criando-se geminadas que depois se simplificam: suceder, sufocar, sugerir, supor. Reduz-se a su antes de sp: suspeitar, suspirar, suspender, sustentar. Assume as formas vernáculas sob e so: sobestar, sobpor; sobraçar, soerguer, soterrar. Em sorrir deu-se a assimilação do b ao r (sob + rir).

TRANS (movimento através de, além de): transalpino, transbordar, transluzir, transmontar, transpor, transitivo, transubstanciação. Apresenta-se também com as formas tras, tres e tra: trasladar, trasmudar; tresmalhar, tresnoitado; tradição, traduzir, traficar. Em certas palavras alternam-se estes prefixos; exemplos: transmudar ou trasmudar; transpassar, traspassar ou trespassar.

ULTRA (posição além do limite): ultraliberal, ultramarino, ultrapassar, ultrarromântico, ultrassom, ultrassensível, ultravioleta.

VICE (em lugar de): vice-cônsul, vice-diretor, vice-rei. Altera-se em vis na palavra visconde.

PREFIXOS GREGOS

A, AN (usa-se an antes de vogal, a antes de consoante; privação, negação):

anarquia, anômalo, anônimo-, acéfalo, afonia, ateu.

AMPHÍ (de um e outro lado): anfíbio, anfibologia, anfiteatro, ânfora.

ANÁ (movimento de baixo para cima, inversão; repetição): anagrama, análise, analogia, anástrofe; anabatista, anáfora.

ANTI (oposição): antagonista, antídoto, antipatia, antípoda, antítese; antiaéreo, anti--integralista.

APÓ (afastamento): apogeu, apóstata, apóstolo, apoteose.

ÁRKHI (posição em cima): arcanjo, arcebispo, arquétipo, arquipélago, arquiteto.

DIÁ (movimento através): diâmetro, diáfano, diafragma, diagnóstico, diagonal, diálogo, diagnóstico.

DYS (dificuldade): dispneia, dispepsia, disenteria.

EK, EX (usa-se ec antes de consoante, ex antes de vogal; movimento

para fora): eclipse, écloga (ou égloga); exegese, êxodo, exorcismo, ectoderma.

EN (posição interna, movimento para dentro): encéfalo, energia, entusiasmo, embrião, elipse.

EPI (posição superior; movimento para): epiderme, epidemia, epitáfio, epíteto; epílogo, epístola.

EU (bom; tem a forma ev na palavra Evangelho e derivados): eucaristia, eufemismo, eufonia, eugenia, euforia. Figura em muitos nomes de pessoa: Eulália, Eudócia, Eusébio, Eugênio.

HÊMI (meio): hemiciclo, hemiplegia, hemisfério, hemistíquio.

HYPÉR (sobre, além de): hipérbole, hipertrofia, hipercrítico, hipermercado.

HYPÓ (embaixo de): hipoderme, hipotenusa, hipocrisia, hipogástrico, hipoglosso, hipótese.

KATÁ (movimento de cima para baixo): cataclismo, catacumba, catadupa, cataplasma, catapulta, catarro, catástrofe, catálogo, catarata, catacrese.

METÁ (mudança): metáfora, metamorfose, metonímia, metátese, metacarpo.

PARÁ (ao lado de): paradigma, paradoxo, paralelo, parasita, paródia, parônimo.

PERÍ (em torno de): perianto, periferia, perífrase, perímetro, período, peripécia.

PRÓ (posição em frente; movimento para a frente): problema, pródromo, prognóstico, programa, prólogo, próclise.

SYN (simultaneidade, reunião): sincronismo, sinfonia, sílaba, silepse, simpatia, simetria, sintaxe, síntese, sistema, sinestesia.

TÉLE (distância, afastamento): televisão, telescópio, telegrama, telefone, telégrafo, telepatia. Também pode ter o sentido de 'pela televisão', como em telealuno, telecine, telecurso, teleator, telenovela, telejornal e telefilme, e 'pelo telefone', como em teletáxi, televendas, telepizza, telepastel e telefarmácia.

Como pode complicar?

Figueiredo Silva e Mioto (2009) apresentaram um estudo defendendo a hipótese de que os prefixos e os sufixos “selecionam rigidamente a base com a qual se combinam”. Examinaram casos de sufixação que também foram observados na prefixação. Os autores comentam a dificuldade de saber o que é ou não um prefixo da seguinte maneira:


“Parece que a maior fonte de problemas envolvidos na prefixação reside na dificuldade de definir o que é um prefixo. Em geral, as definições são amplas o Pustejovsky (1995) ou assumindo, como fazem Basílio e Andrade (2005) a propósito do prefixo re-, que se trata de polissemia. 10 suficiente para recobrir tudo o que na tradição gramatical é considerado um prefixo.” Figueiredo Silva e Mioto (2009, pp. 9-10)



 

Cano (1998) vai ainda mais longe ao tratar da prefixação em termos técnicos. Nomenclaturas técnicas têm a finalidade de expressar exatamente apenas um significado, assim, não pode haver mais de um significado para determinado termo técnico.


“A dificuldade maior na interpretação semântica desses termos consiste no conhecimento semântico dos constituintes da palavra derivada, visto que a maioria se forma com elementos gregos presos. Assim, para a interpretação do termo hipolímnio é necessário que se conheça o conteúdo semântico dos constituintes: hipo ‘abaixo’, limnio ‘lago’, ou seja, o fundo dos lagos. Hiperalgia: alges(i)- ‘dor’, ‘-ia’ sufixo expressando afecção, moléstia, estado; hiper ‘excesso’, portanto, ‘estado em que a dor é intensa’. Macroblasto: macro ‘longo’, ‘grande’, blasto ‘broto’. Hipogeo: hipo ‘abaixo’, geo ‘terra’, e assim por diante.” Cano (1998, p. 78)


Gostaram de ver como um processo aparentemente inofensivo pode esconder problemas bem complexos?

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