segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Politicamente correto - Blog da Dad

 O Tribunal Superior Eleitoral lançou cartilha pra lá de polêmica. Trata-se de Expressões racistas: por que evitá-las. Nela, lista 40 palavras e expressões consideradas politicamente incorretas porque remetem ao racismo. É o caso de denegrir, esclarecer, nega maluca, inveja branca, magia negra, ovelha negra.

Politicamente correto
Há palavras e palavras. Algumas informam. Outras emocionam. Há as que mobilizam para a ação. Todas têm hora e vez. Cuidado especial merecem as que ofendem ou reforçam preconceitos. Grupos organizados — movimento negro, movimento LGBTQIA+, movimento feminista — estão atentos aos vocábulos politicamente incorretos. Recomenda-se cuidado para não ofender nem agredir o leitor ou o ouvinte.

Moderação
Mas não exagere. Cabeleireiro é cabeleireiro, não hair stylist. Costureira é costureira, não estilista de moda (outra especialidade). Manicure é manicure, não esteticista de unhas. Empregada doméstica é empregada doméstica, não secretária do lar ou diarista (outra especialidade). Dona de casa é dona de casa, não do lar ou especialista em prendas domésticas. Cego é cego, mudo é mudo, surdo é surdo, surdo-mudo é surdo-mudo. Pessoa com deficiência nem sempre tem a precisão desses termos. Quando necessário, use-os sem constrangimento.

Curiosidade
O radialista Airton Medeiros estava entrevistando ao vivo a presidente de uma associação de cegos em programa da Rádio Nacional. Tratava-a de cega até receber um papelzinho com a recomendação de que a tratasse de “pessoa com deficiência visual”. Antes de obedecer à ordem, perguntou se deveria continuar tratando-a de cega ou tinha de mudar para pessoa com deficiência. Ela aproximou as mãos do rosto dele até tocar os óculos. Então afirmou: “Pessoa com deficiência visual é sua gramática, que está desatualizada. Eu sou cega”.

Alvos
Cor, idade, peso, altura, origem, condição social e tendências sexuais são as principais vítimas das brincadeirinhas, piadas preconceituosas ou uso “sem intenção de ofender”. Como agir?

1. Alto, baixo, gordo, magro, grande, pequeno são relativos. Alguém pode ser alto pra uns e baixo pra outros. Diga a altura, o peso, o tamanho: 1,95m, 50kg, 300kg.

2. Negro é raça. Nessa acepção, use-o sem pensar duas vezes. Pelé é negro. Não é escurinho, crioulo, negrinho, moreno, negrão ou de cor.

Não use inveja branca. Troque por um elogio.

2.1. Evite o adjetivo negro em expressões de conotação negativa. Em vez de nuvens negras, prefira nuvens pretas ou escuras. Em lugar de lista negra, prefira lista proibida. Em vez de mercado negro, prefira mercado clandestino. Em vez de humor negro, prefira humor ácido. Substitua negrinho por brigadeiro, nega maluca por bolo de chocolate, não sou suas negas por me respeite, magia negra por feitiçaria ou bruxaria.

2.2. Apague denegrir de seu dicionário. Prefira difamar. Elimine também judiar (da família de judeu). Substitua-o por maltratar.

Substitua: serviço de preto por serviço mal feito, a coisa tá preta por a situação está difícil, bucho cheio por satisfeito, boçal por ignorante ou grosseiro, até tenho amigos que são negros por vamos repensar nosso comportamento, dia de branco por dia de trabalhar, disputar a nega por desempatar, meia-tigela por medíocre, samba do crioulo doido por confusão ou bagunça, tem caroço nesse angu por aí tem coisa, cabelo ruim ou de bombril por cabelo crespo ou cacheado, cor de pele por rosa-claro ou bege, programa de índio por programa chato, lavar a égua por querer se aproveitar, a dar com pau por bastante ou muito, criado-mudo por mesa de cabeceira.

2.3. Quer indicar cor? O preto está às ordens.

3. Paraíba e cabeça-chata? Não. Identifique o estado de origem com precisão (paraibano, pernambucano, cearense). Se quiser generalizar, use o adjetivo indicador da região: nordestino, nortista, sulista. Só chame de baiano se a pessoa nasceu na Bahia.

4. Bicha, veado, sapatão? Xô! Fique com homossexual, gay, lésbica, LGBT.

Diga

Chinês, coreano, japonês (não: japa, china, amarelo).

Idoso (não: velho, decrépito, gagá, pé na cova, titio, vovô).

Pobre, pessoa de baixa renda (não: pobretão, pé de chinelo, ralé, mulambento, raia miúda, povão, escória, zé-povinho, povaréu).

Religioso (não: beato, carola, papa-hóstias, barata de igreja).

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