quarta-feira, 27 de junho de 2018

Classes Invariáveis III - Conjunção e Interjeição

Conjunção

Conjunção coordenativa e subordinativa

  • 1. Examinemos os seguintes provérbios:
  • O mal e o bem à face vêm.
  • Deseja o melhor e espera o pior.
  • Só dura a mentira enquanto a verdade não chega.

  • No primeiro, encontramos a palavra e, que está ligando dois termos de uma oração: o mal e o bem.
    No segundo, vemos a mesma palavra e, que está ligando duas orações de sentido completo e independente: Deseja o melhorEspera o pior.
    No terceiro, aparece a palavra enquanto unindo duas orações que não podem ser separadas sem que fique alterado o sentido que expressam, pois a segunda depende da afirmação contida na primeira.
    Os vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração chamam-se conjunções.
    As conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função gramatical têm o nome de coordenativas.
    Denominam-se subordinativas as que ligam duas orações, uma das quais determina ou completa o sentido da outra.
  • 2. Percebe-se facilmente a diferença entre as conjunções coordenativas e as subordinativas quando comparamos construções de orações a construções de nomes.

  • Assim, nestes enunciados:
  • Ler e escrever.
  • A leitura e a escrita.
  • Ler ou escrever.
  • A leitura ou a escrita.

vemos que a conjunção coordenativa não se altera com a mudança de construção, pois liga elementos independentes, estabelecendo entre eles relações de adição, no primeiro caso, e de igualdade ou de alternância, no segundo.
Já nos enunciados seguintes:
Quando tiver lido o livro, escreva a carta.
Após a leitura, a escrita.

observamos a dependência do primeiro termo ao segundo.

No último exemplo, em lugar da conjunção subordinativa (quando), temos uma preposição (após), que está indicando a dependência de um elemento a outro.

Conjunções Coordenativas

Classificam-se as conjunções coordenativas em aditivasadversativasalternativasconclusivas e explicativas.
  • 1Aditivas, que servem para ligar simplesmente dois termos ou duas orações de idêntica função: enem [= e não], mas também, mas ainda, como também, senão também (depois de não só), tampouco, além disso, ademais, outrossim, mais (em linguagem matemática ou como regionalismo):
  • Pulei do banco e gritei de alegria. (G. Rosa)
  • Não é gulodice nem interesse mesquinho. (C. D. de Andrade)

  • 2Adversativas, que ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma ideia de contraste: masporémtodaviacontudono entantoentretanto, senão (= mas sim):
  • Seu quarto é pobre, mas nada lhe falta. (A. F. Schmidt)

  • 3Alternativas, que ligam dois termos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre: ou...ouora...oraquer...querseja...sejanem...nemjá...já, talvez... talvez:
  • Ou eu me retiro ou tu te afastas. (A. M. Machado)
  • Com exceção da conjunção ou, que pode ser repetida ou não, as outras são obrigatoriamente repetidas.

  • 4Conclusivas, que servem para ligar à anterior uma oração que exprime conclusão, consequência: logopois (depois do verbo), portantopor conseguintepor issoassim, então, enfim, por fim, por conseguinte
  • Na descrição, diz ser ele cor de malva, logo é verde. (C. Pena)

  • 5Explicativas, que ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira: queporquepois, (antes do verbo), porquanto:
  • Vamos comer, Açucena, que estou morrendo de fome. (Adonias Fillho)

Posição das conjunções coordenativas

Nem todas as conjunções coordenativas encabeçam a oração que delas recebe o nome. Assim:
  • 1. Das conjunções coordenativas apenas mas aparece obrigatoriamente no começo da oração; contudoentretantono entantoporém e todavia podem vir no início da oração, ou após um de seus termos:
  • Tentou subir, mas não conseguiu.
  • Tentou subir, porém não conseguiu.
  • Tentou subir; não conseguiu, porém.

  • 2Pois, quando conjunção conclusiva, vem sempre posposta a um termo da oração a que pertence:
  • Era, pois, um homem de grande caráter e foi, pois, também um grande estilista. (J. Ribeiro)

  • 3. As conclusivas logoportanto e por conseguinte podem variar de posição, conforme o ritmo, a entonação, a harmonia da frase.

Conjunções Subordinativas

As conjunções subordinativas classificam-se em dez tipos: causaiscomparativasconcessivascondicionaisconformativas,consecutivasfinaisproporcionaistemporais, e integrantes.
As causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais e temporais iniciam orações adverbiais. As integrantes introduzem orações substantivas. Os pronomes relativos, no entanto, iniciam orações adjetivas.
Exemplifiquemos:
  • 1Causais (iniciam uma oração subordinada denotadora de causa): porquepoisporquantocomo [= porque], pois quepor isso quejá queuma vez quevisto quevisto comoque, na medida em que etc.:
  • Dona Luísa fora para lá porque estava só. (J. L. do Rego)
  • Como o calor estivesse forte, pusemo-nos a andar pelo Passeio Público. (A. F. Schmidt)

  • 2Comparativas (iniciam uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação, de um confronto): quedo que (depois de maismenosmaiormenormelhorpior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), comoassim comobem comocomo seque nem:
  • Era mais alta que baixa. (A. F. Schmidt)
  • Nesse instante, Pedro se levantou como se tivesse levado uma chicotada. (L. F. Telles)

  • 3Concessivas (iniciam uma oração subordinada em que se admite um fato contrário à ação principal, mas incapaz de impedi-la): emboraconquantoainda quemesmo que, mesmo quandoposto quebem quese bem queapesar de quenem que, por mais/menos que, por muito/pouco que, por melhor/pior queque, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese, ainda quando etc.:
  • É todo graça, embora as pernas não ajudem... (C. D. de Andrade)

  • 4Condicionais (iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal): secasocontanto que, exceto sesalvo sesem que [= se não], dado quedesde quea menos quea não ser que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo) etc.:
  • Seria mais poeta, se fosse menos político. (M. de Assis)

  • 5Conformativas (iniciam uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oração principal): conformecomo [= conforme], segundoconsoante, de acordo com, etc.:
  • Tal foi a conclusão de Aires, segundo se lê no Memorial. (M. de Assis)

  • 6Consecutivas (iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na anterior): que (combinada com uma das palavras taltantotão ou tamanho, presentes ou latentes na oração anterior), de forma quede maneira quede modo quede sorte que, etc.:
  • Soube que tivera uma emoção tão grande que Deus quase a levou. (A. F. Schmidt)

  • 7Finais (iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade da oração principal): para quea fim de que, queporque [= para que]:
  • Aqui vai livro para que o leias. (M. de Andrade)
  • Fiz-lhe sinal que se calasse... (M. de Assis)

  • 8Proporcionais (iniciam uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se simultaneamente com o da oração principal): à medida queà proporção queao passo queenquantoquanto mais... (mais), quanto mais... (tanto mais), quanto mais... (menos), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (menos), quanto menos... (tanto menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (tanto mais):
  • À medida que se sobe o rio, a renascença se acentua. (E. da Cunha)

  • 9Temporais (iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo): quando, enquantoantes quedepois queaté quelogo quesempre queassim quedesde quetodas as vezes quecada vez queapenasmalque [= desde que], etc:
  • Implicou contigo assim que me viu. (G. Amado)

  • 10Integrantes (servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal, aposto ou agente da passiva de outra oração): que e se. Quando o verbo exprime uma certeza, usa-se que, quando incerteza, se:
  • Afirmo que sou estudante. (G. Ramos)
  • Não sabia se avançava pela direita ou pela esquerda. (G. Ramos)

Polissemia conjuncional

Como vimos, algumas conjunções subordinativas (quesecomoporque, etc.) podem pertencer a mais de uma classe. Em verdade, o valor desses vocábulos gramaticais está condicionado ao contexto em que se inserem, nem sempre isento de ambiguidade, pois que há circunstâncias fronteiriças: a condição da concessão, o fim da consequência, etc.

Locução conjuntiva

A par das conjunções simples, há numerosas outras formadas da partícula que antecedida de advérbios, de preposições e de particípios.
São chamadas locuções conjuntivasantes quedesde quejá queaté quepara quesem quedado queposto quevisto queuma vez queà medida que. Algumas locuções terminam com a palavra se, como salvo se e exceto se.

Interjeição

Interjeição é uma espécie de grito com que traduzimos de modo vivo as nossas emoções.
A mesma reação emotiva pode ser expressa por mais de uma interjeição. Inversamente, uma só interjeição pode corresponder a sentimentos variados e, até, opostos. O valor de cada forma interjectiva depende fundamentalmente do contexto e da entoação.

Classificação das interjeições

Classificam-se as interjeições segundo o sentimento que denotam. Entre as mais usadas, podemos enumerar:
  • a) de alegria ou satisfação:
    • ah!
    •  
    • oh!
    •  
    • oba!
    •  
    • opa!
  • b) de animação ou estímulo:
    • avante!
    •  
    • coragem!
    •  
    • eia!
    •  
    • vamos!      força!      ânimo!      adiante!     firme!     toca!
  • c) de aplauso ou aprovação:
    • bis!
    •  
    • bem!
    • bravo!
    •  
    • viva!
  • d) de desejo ou intenção:
    • oh!
    •  
    • oxalá!
    •  
    • tomara!
  • e) de dor ou tristeza:
    • ai!
    •  
    • ui!
  • f) de espanto, admiração ou surpresa:
    • ah!
    •  
    • chi!
    •  
    • ih!
    •  
    • oh!
    •  
    • ué!
    •  
    • uai!
    •  
    • puxa!      nossa!     vixe!      céus!      cruz!
  • g) de impaciência ou contrariedade:
    • hum!
    •  
    • hem!       apre!      irra!      pô!      raios!
  • h) de invocação, chamamento:
    • alô!
    •  
    • ó!
    •  
    • olá!
    •  
    • psiu!        socorro!        oi!
  • i) de silêncio:
    • psiu!
    •  
    • silêncio!       shh!       caluda!
  • j) de suspensão:
    • alto!
    •  
    • basta!       chega!      pare!     stop!     não mais!
  • l) de terror:
    • ui!
    •  
    • uh!

Locução interjectiva

Além de interjeições expressas por um só vocábulo, há outras formadas por grupos de duas ou mais palavras. São as locuções interjectivas. Exemplos: ai de mim! ora, bolas!raios te partam!valha-me Deus!alto lá!
Observações:
1ª) Excluímos a interjeição das classes de palavras por equivaler a um vocábulo-frase. Com efeito, traduzindo sentimentos súbitos e espontâneos, são as interjeições gritos instintivos, equivalendo a frases emocionais.

2ª) Na escrita, as interjeições vêm, de regra, acompanhadas do ponto de exclamação (!).

3ª) Uma mesma interjeição pode expressar vários sentimentos. Certos substantivos, adjetivos, pronomes, verbos e advérbios podem funcionar como interjeições. Não se deve confundir a interjeição vocativa 'ó' com a interjeição exclamativa 'oh'.

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