quinta-feira, 21 de maio de 2020

Dicas do Programa de Qualidade (1)

16/04/1999
Sugestões didáticas para o noticiário da CPI dos bancos:

Alavancagem

É um jargão e, portanto, deve ser evitado. Quando aparecer em declaração textual, deve-se explicar que indica o quanto uma instituição dispõe de recursos de terceiros em relação ao seu capital. Refere-se a operações de captação de dinheiro com o objetivo de lucro. O Banco Marka estava altamente alavancado, pois realizou operações envolvendo 20 vezes o valor de seu capital.

Mercado futuro de dólar

Nele são realizadas operações de compra e venda da moeda com base em expectativas de cotação em data posterior. Investidores se comprometem, em tempo futuro, a vender e/ou a comprar moeda a determinado preço. A operação serve tanto para proteger o investidor contra oscilações do câmbio como para apostar em determinada cotação com o objetivo de auferir lucro.

15/04/1999 e 14/04/99
Quem e que

"Afinal, foi o próprio governo FHC quem se cansou de brecar investigações sobre assuntos inconvenientes."

Os pronomes quem e que não podem ser usados indistintamente. Quem se refere exclusivamente a pessoa ("Foi ele quem atirou''). Que pode ser usado para pessoa ou coisa. Portanto a forma correta é:

"Afinal, foi o próprio governo FHC que se cansou de brecar...''

Regência 1

título:"Preso acusado de abusar (?) e assassinar crianças em Natal''

O verbo abusar pede a preposição de. Assassinar não pede preposição alguma. O título misturou os dois verbos de maneira errada. Não misture complementos de verbos com regências diferentes em reportagens e notícias, somente em textos literários, publicitários e humorísticos. Abaixo, sugestões de formas corretas:

"Preso acusado de abusar de crianças e assassiná-las"

"Preso acusado de violentar e assassinar crianças" (verbos de regências iguais podem ter o mesmo complemento - ambos são transitivos diretos)

Regência 2

título: "Brasil cobra (?) União Européia"

O verbo cobrar exige, nesse caso, a preposição de. A forma correta seria "Brasil cobra de União Européia''.Mas dessa maneira fica estranho, pois soa incompleto (cobra o quê?). A melhor opção seria mudar o verbo: "Brasil pressiona União Européia".

Não escreva

O nome do Poder Legislativo da cidade é Câmara Municipal. A forma "Câmara dos Vereadores'', embora consagrada, não existe.

 22/04/1999
1% dos brasileiros são...

"Só 1% dos brasileiros sabe (?) quem é o atual primeiro-ministro português..."

No exemplo acima, note que o percentual (1%, singular) vem acompanhado de um especificador (brasileiros, plural). Nessa forma, a concordância deve ser feita com o especificador:

"Só 1% dos brasileiros sabem quem é o atual primeiro-ministro português..."

"Só 2% (plural) do país (singular) é habitado..."

Padrão

Em números superiores ou iguais a 10 mil, escreva o algarismo seguido da palavra que designa a ordem de grandeza. Assim:

"Quase 1 milhão de trabalhadores...''

"Sabe-se que 20 mil pessoas foram vacinadas...''

20/04/1999
Adequar, verbo defectivo

"White está mais preocupado em saber se Proust se adequa (!) ao modelo e ao gosto do gay americano..."

Adequar é um verbo defectivo, ou seja, não tem todos os tempos, modos ou pessoas (outros exemplos: abolir, precaver, reaver, falir, computar, ressarcir, colorir, extorquir, demolir). No presente do indicativo, o verbo "adequar" só conta com duas formas:

"adequamos" e "adequais". No presente do subjuntivo e no imperativo negativo, não apresenta nenhuma forma. No imperativo afirmativo, só possui a segunda pessoa do plural: ''adequai''. Nos demais tempos e modos, a conjugação é regular: adequou, adequava, adequara, adequará, adequaria, adequasse, adequar, adequando, adequado, etc. Assim, soluções corretas seriam substituir por verbos sinônimos ou por locuções verbais:

"White está mais preocupado em saber se Proust se adapta ao modelo e no gosto do gay americano..."

Crase e nomes masculinos

"O Gol de placas CHS-8116 estava à (!) serviço da Secretaria das Administrações Regionais.''

Crase é a contração do artigo a com a preposição a. Portanto é erro grave colocar crase antes de nomes masculinos, verbos ou pronomes (salvo em raras exceções). No caso de nomes masculinos, ocorre exceção quando a palavra moda está subentendida:

"Gol à (moda) Pelé."

19/04/1999
À medida que

"A taxa aumenta à medida em (!) que o saldo aumenta...''

"À medida em que'' é uma forma errada. A conjunção correta é à medida que. É análoga à conjunção "à proporção que''. A frase poderia ter sido redigida corretamente de duas maneiras:

"A taxa aumenta à medida que o saldo aumenta...''

"A taxa aumenta à proporção que o saldo aumenta...''

Mas e vírgulas

"Mas, (!) analise as opções existentes.''

"Mas, (!) será que tudo estará perdido?''

"Mas, (!) nem todo mundo aceita correr risco.''

Note que, em todos os casos acima, mas inicia um período. A vírgula nesses casos é incorreta. Existiria vírgula depois dos mas se, e somente se, se seguisse uma oração subordinada ou uma intercalação (aposto, advérbio...): "Mas, pelo que pudemos apurar, nem todo mundo aceita correr riscos''.

Pole-position

Atenção, o manual determina a grafia de pole-position com hífen.

31/05/1999
Lembra-se de

"O senhor (!) lembra desse caso?"

"O senhor se lembra desse caso?"

Sempre que o verbo lembrar for usado como verbo pronominal (lembrar-se), terá complemento precedido pela preposição de. Se ele não estiver acompanhado de pronome, não haverá a preposição. Veja as formas corretas:

"O senhor lembra esse caso?"

"O senhor se lembra desse caso?"

Por que

"Daí porque (!) os aumentos aconteceram.''

"Daí por que os aumentos aconteceram.''

"Por que'', com o significado "razão de'', "razão pela qual / motivo pelo qual / causa pela qual'', grafa-se separadamente.

"Isso não tem por que acontecer.''

"Não sei por que, mas não gosto dele.''

28/05/1999
Resistir a

"O governo resiste em (!) dar sinais de austeridade fiscal."

"O governo resiste a dar sinais de austeridade fiscal."

Atente para a regência do verbo resistir: resiste-se a algo.

Penalizar não é punir

"As empresas foram penalizadas (!) pela medida do governo.''

"As empresas foram punidas pela medida do governo.''

Penalizar é causar pena ou desgosto a, pungir, afligir, desgostar. Punir é infligir pena a, dar castigo a, castigar. Um dicionário registra essa sinonímia, mas em conversas formais, em documentos oficiais, em artigos científicos, em livros didáticos, em dissertações de vestibulares e em correspondências comerciais, evite-o.

26/05/1999
Enigma da Esfinge

"Decifre (!) esse dilema ou ele te (!) devora.’’

"Decifra esse dilema ou ele te devora.’’

"Decifre esse dilema ou ele o devora.’’

Na primeira frase, há a combinação errada de tempo verbal e pronome, ou seja, de decifre (imperativo, terceira pessoa do singular) com o pronome te (segunda do singular). As duas útimas frases trazem combinações corretas: decifra com te (ambos da segunda do singular) e decifre com o (da terceira do singular).

Note que o pronome empregado não pode ser lhe, pois o verbo devorar é transitivo direto (o leão devorou o homem). O pronome lhe é empregado com verbos transitivos indiretos que indiquem pessoa, coisa personificada ou instituição (o patrão pagou ao empregado, o patrão lhe pagou)

25/06/1999
Crescimento negativo?

"O indicador de desemprego registrou crescimento negativo (!?) de 10%, ou seja, de 5,0% para 4,5% da população economicamente ativa.’’

"O indicador de desemprego recuou 10%, ou seja, de 5,0% para 4,5% da população economicamente ativa.’’

A expressão crescimento negativo é uma contradição em termos que costuma se infiltrar no noticiário na forma de tecnicismo.

É com hífen

Bem-estar escreve-se assim, com hífen.

"As medidas econômicas diminuíram o bem-estar da população."

24/05/1999
Algo é pago a alguém

"Dinheiro para pagar (!) professores.''

"Dinheiro para pagar a professores.''

O verbo pagar é transitivo direto de coisa (pagou o salário) e indireto de pessoa (física ou jurídica) ou ser personificado (pagou ao professor). Assim, paga-se algo a alguém.

"Pagou o jantar''

"Pagou ao amigo o jantar"

É com hífen

Alto-astral escreve-se assim, com hífen.

"O time entra na fase decisiva de alto-astral.''

Mandato, mandado

"Sou a favor de Pitta até o último dia de meu mandado (!)'', disse o vereador.

"Sou a favor de Pitta até o último dia de meu mandato'', disse o vereador.

Mandato refere-se a poder político outorgado, por meio de voto, pelos eleitores a um cidadão. Mandado significa, entre outras coisas, ordem escrita que emana de autoridade judicial ou administrativa.

É com hífen

Bem-vindo escreve-se assim, com hífen.

19/05/1999
Parece, mas não tem

Escreve-se biopsia e necropsia assim mesmo, sem acento. A confusão acontece porque a pronúncia corrente é "biópsia'' e "necrópsia". Mas note que autópsia se escreve como se fala, ou seja, com acento de paroxítona.

Rios, mares, oceanos

Lembre-se da regra do manual para acidentes geográficos em geral: são grafados com letra minúscula, exceto em início de frase. Exemplos: rio Amazonas, rio Feio, mar Morto, mar Adriático, oceano Índico, oceano Pacífico.

18/05/1999
Dois erros

"Obteve habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) que lhe assegurava o direito de não responder (!) questões que eventualmente pudessem lhe (!!) incriminar.''

''Obteve habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) que lhe assegurava o direito de não responder a questões que eventualmente pudessem incriminá-lo.''

(!) Cuidado com a regência do verbo responder, no sentido de dar resposta. Responde-se a uma carta, respondo ao telefonema, responde-se à proposta de emprego, responde-se à questão. Só se usa responder como transitivo direto para dar a resposta diretamente: respondeu que estava interessado.

(!!) Incrimina-se alguém, não se incrimina a alguém. O pronome a ser utilizado é o, pois o verbo é transitivo direto. Só se usa o pronome lhe se o pronome tiver valor possessivo no contexto: incriminar-lhe as acusações (= incriminar as suas acusações). Aplica-se o pronome lhe quando o verbo é transitivo indireto. Por exemplo: "Coisas que eventualmente pudessem lhe dizer''. Pois algo é dito a alguém.

Preposição

"Pitta diz que é usado de (!) bode expiatório.''

"Pitta diz que é usado como bode expiatório.''

Alguém é usado como alguma coisa, não usado de alguma coisa.

17/05/1999
Ora, por ora

"O advogado disse que sua defesa, por hora (!), baseia-se na negativa.''

"O advogado disse que sua defesa, por ora, baseia-se na negativa.''

Não confundir o termo ora, que no contexto quer dizer atualmente, presentemente, agora, com o substantivo hora, que significa momento combinado ou oportuno ou intervalo de tempo.

"Ora, isso não é jogo!" (exprime impaciência, menosprezo)

"João ora se acha aqui.''(no sentido de agora)

"Ora se deu a rebelião e tudo foi para o ar.'' (no sentido de mas)

14/05/1999
Atender a, atender ao -tanto faz

"O médico atendeu o (ou ao) doente.''

"Atendi o (ou ao) telefone''

"A filha atendeu os (ou aos) conselhos da mãe''

"O circuito não atende as (ou às) normas de segurança''

A regência do verbo atender é motivo de controvérsia entre gramáticos. Mas, sutilezas à parte, é aceitável o uso do verbo tanto na forma direta (atender o chamado, o doente, o telefone, o freguês, os requisitos, o conselho) como na indireta (atender ao chamado, ao doente, ao telefone, ao freguês, aos requisitos, ao conselho).

13/05/1999
Algo é comunicado

"O líder do PMDB foi informado / avisado / cientificado da decisão...''

"A decisão foi comunicada ao líder do PMDB...''

Na acepção de fazer saber, participar, comunica-se alguma coisa a alguém. Alguma coisa é comunicada, mas alguém é informado.

"Comunicou o fato ao superior'';

"Comunicou-lhe o fato''.

Ou: "O superior foi informado / avisado / cientificado do fato''.

Havia

"Isso ocorria com frequência há (!) dois meses."

"Isso ocorria com frequência havia dois meses."

Em locuções no pretérito imperfeito (andava, estudava, ocorria) ou no pretérito mais-que-perfeito (ocorrera), use havia.

"Estava no cargo havia três anos.''

12/05/1999
Reaver, verbo defectivo

"São Paulo e Santos têm vaga; Corinthians reavê (!)2º lugar...''

"São Paulo e Santos têm vaga; Corinthians retoma o 2º lugar''

O verbo reaver é defectivo, ou seja, não tem todos os tempos, modos ou pessoas (outros exemplos: abolir, precaver, viger, computar). A forma "reavê'', que seria da terceira pessoa do singular do presente do indicativo, não existe. Em caso de dúvida, consulte as conjugações do "Aurélio'' eletrônico. Para isso basta escolher o verbo e clicar o quinto botão da esquerda para a direita na tela do programa, onde aparece escrito "Eu, Tu, Ele''. Na dúvida, substitua-o por recuperar.

Tampouco

"Não me diverti, tampouco consegui dormir."

"Não vou me desculpar. Ele tampouco."

Preste atenção na grafia do advérbio tampouco, que significa nem. Não confundir com tão pouco em frases como:

"Tenho tão pouco entusiasmo pela língua portuguesa!''

"Ela tem tão pouco amor pela vida!''

11/05/1999
Comemorativo de

"Tratava-se de reunião comemorativa aos (!) dez anos da associação...''

Algo é comemorativo de alguma coisa. Assim:

"Tratava-se de reunião comemorativa dos dez anos da associação...''

"Selo comemorativo do centenário da República...''

"Festa comemorativa da conquista do título...''

Tão-só, tão-somente

Os advérbios tão-só e tão-somente são grafados com hífen.

"Vós sois meu, tão-só meu, tão-somente meu."

(Machado de Assis, "Páginas Recolhidas")

07/05/1999
Contêiner

"A exportação por containers(!)...''

A palavra inglesa container está aportuguesada (vide "Aurélio'') na forma contêiner, cujo plural é contêineres.

Sem-vergonha

"São espanhóis sem vergonha(!)...''

O adjetivo sem-vergonha é grafado com hífen.

05/05/1999
Houve avanços

"O relatório diz que houveram (!) avanços..."

O verbo haver, no sentido de existir, acontecer, realizar-se ou para designar tempo passado, tem construção impessoal na terceira pessoa do singular, independentemente de o objeto direto estar no singular ou no plural. Assim:

"O relatório diz que houve avanços...''

"Houve milhares de casos da doença na África...''

"O" leitor

O texto, exceto em casos muito excepcionais, é lido individualmente. Na Folha, refira-se sempre ao leitor no singular, como determina o manual (pág. 115). Exemplos:

* numa remissão:

"Leia íntegra na pág. 1-12...''

* em texto de serviço:

"Caso você queira saber o que fazem os congressistas...''

* em texto opinativo:

"Você, leitor e eleitor, deve defender seus direitos...''

04/05/1999
Agradar, agradar a

"Agradou o gato."

"A atuação do jogador agradou ao técnico.''

O verbo agradar, na forma transitiva direta, tem o significado de alisar, acarinhar. A forma transitiva indireta (agradar a) é a mais utilizada no jornal e significa contentar, cair no agrado, no gosto de. Note que não se trata de preciosismo, confundir as duas formas é erro grosseiro.

Redundância

"Matou com suas próprias mãos..."

O pronome suas sobra na frase, que ficaria melhor assim:

"Matou com as próprias mãos...''

ou, ainda, sem a ênfase da palavra próprias:

"Matou com as mãos...''

03/05/1999
Lugar-comum

"Apesar da concorrida agenda internacional que tem levado seu talento aos quatro cantos do planeta, continua morando na Rússia."

O manual é taxativo no que se refere a chavões: vulgarizam e empobrecem o texto (pág. 58). A expressão em destaque é desgastada. Para melhorar o estilo, basta simplesmente cortá-la.

Redundância

"Ele não gosta de filmes como, por exemplo, os de Bresson."

Note que o "por exemplo'' é redundante. Nesse caso, a frase poderia ter construída com "como" ou com "por exemplo".

"Ele não gosta de filmes como os de Bresson.''

"Ele não gosta dos filmes, por exemplo, de Bresson.''

30/06/1999
Cargos e hífens

diretor financeiro, sem hífen, pois está subentendida a forma "diretor da área financeira''. Note que, sempre que essa substituição puder ser feita, o cargo não levará hífen: diretor jurídico, gerente comercial etc.

mas

diretor-geral, pois não se substitui por "diretor da área geral'', assim como diretor-gerente, economista-chefe, editor-adjunto etc.

29/06/1999
Preferir

"Teme que empresas prefiram só exportar em vez de (!) instalar indústrias no país.''

"Teme que empresas prefiram só exportar a instalar indústrias no país.''

O verbo preferir pede a preposição a, pois prefere-se uma coisa a outra. Note que a frase com a regência certa é também mais elegante.

28/06/1999
Enquanto

"Ele, enquanto (!) presidente do grêmio, não deveria opinar...''

"Ele, como presidente do grêmio, não deveria opinar...''

A conjunção enquanto quer dizer "no tempo em que'', "durante o tempo que'', "quando''. Na acepção empregada no contra-exemplo, enquanto foi usado erradamente com o significado de como ou na qualidade de.

"Enquanto que"

Enquanto quer dizer ainda "ao passo que'' em construções como: "Fulano se saiu bem no teste, enquanto Sicrano e Beltrano foram muito mal''. No que se refere a essa segunda acepção, a forma "enquanto que'' é vício de estilo bastante disseminado. Repare que, em frases do tipo "Fulano se saiu bem, enquanto que (!) Sicrano foi mal'' , o que é absolutamente desnecessário. Na Folha, considera-se erro o emprego de "enquanto que''.

25/06/1999
Dignitário

"Altos dignatários (!) de Brasília...''

"Altos dignitários de Brasília...''

Atenção, a grafia correta é dignitários. Do "Aurélio'': "dignitário [De um *dignitatário < lat. dignitate, com haplologia.] S. m. 1. Aquele que exerce cargo elevado, que tem alta graduação honorífica, que foi elevado a alguma dignidade (2)." Pela semelhança com dignar, digno e digna, um dicionário registra como variante.

Dor de cabeça

"Ela se queixava de dores-de-cabeça (!) ...''

"Ela se queixava de dores de cabeça...''

Dor de cabeça não leva hífen, é uma expressão, e não um substantivo composto. Não confundir o caso com dor-de-cotovelo, que leva hífen, pois o termo denota algo totalmente diverso do significado literal.

24/06/1999
Seja e for

"O que deverá ocorrer se, após a decisão final do TCU, a obra seja (!) retomada...''

"O que deverá ocorrer se, após a decisão final do TCU, a obra for retomada...''

No contra-exemplo, o verbo ser foi empregado corretamente no modo subjuntivo, pois a frase exprime uma hipótese. Mas note que foi usado o tempo presente (seja), quando se trata de uma possibilidade futura (for).

Conjugações no "Aurélio''

Caso você tenha dúvidas quanto à conjugação de verbos, resolva-as consultando o dicionário Aurélio eletrônico, disponível na rede. Basta escolher o verbo e clicar o botão "Eu, Tu, Ele'', o quinto botão da esquerda para a direita.

23/06/1999
Rebater o quê?

"O senador também rebateu ao (!) empresário Fulano de Tal, que havia feito críticas...''

"O senador também rebateu as críticas do empresário Fulano de Tal...''

''O senador também enfrentou o empresário Fulano de Tal...''

No contra-exemplo, o verbo rebater foi usado como transitivo indireto, forma inexistente na língua. Rebater, com o significado empregado (de repelir, refutar), é transitivo direto. Mas note que, nessa acepção, não se rebate pessoa, mas sim crítica, argumentação, acusações etc. Uma pessoa pode ser enfrentada.

Data-limite

A expressão data-limite leva hífen. As regras de hifenação têm muitas exceções, mas repare que, no caso, trata-se de dois substantivos, e o segundo qualifica o primeiro. Outros exemplos dessa regra são: palavra-chave, data-base, escola-modelo etc.

22/06/1999
Um dos que indica plural

"Ele é um dos que fez (!) parte do grupo...''

"Ele é um dos que fizeram parte do grupo...''

A expressão um dos que pede a concordância no plural, embora muitos gramáticos considerem essa concordância facultativa. O uso do singular só se justifica nos casos de ênfase.

Concordância com frações

"Desse universo, um terço votou contra o projeto, dois terços votaram a favor.''

"Dois quintos da população votaram contra o projeto...''

A concordância deve ser feita levando-se em consideração o numerador da fração. Note que, no segundo exemplo, o especificador da população não interfere na concordância, que deve ser feita no plural. Deve-se seguir a lógica da língua portuguesa, não a lógica da matemática. A concordância se faz com o termo e não com a ideia, exceto nos casos de silepse.

21/06/1999
Intervir (1)

"Em Diadema, intervimos (!) no diretório...''

"Em Diadema, interviemos no diretório...''

O verbo intervir é fonte constante de erros. Lembre-se de que é flexionado como vir.

Intervir (2)

"Fulano interviu no diretório de Diadema...''

"Fulano interveio no diretório de Diadema...''

O contra-exemplo acima mostra erro bastante comum. Lembre-se: intervir conjuga-se como vir, assim como provir, convir, advir e sobrevir.

18/06/1999
Abrir

"Abre (!) em SP mostra...''

"Começa em SP mostra...''

O verbo abrir exige complemento (quem abre abre alguma coisa). Portanto não use abrir como sinônimo de começar.

Iniciar

"Iniciou (!) nesta semana programa...''

"Começou nesta semana programa...''

As observações feitas acima sobre o verbo abrir valem também para iniciar, que não deve ser usado como sinônimo de começar. Iniciar só deve ser usado como transitivo direto no sentido de receber conhecimentos ou inicializar um programa de computador.

17/06/1999
Variar

"O preço do quilo de café varia entre R$2 e R$5."

"O preço do quilo de café varia de R$2 a R$5."

O verbo variar não admite a preposição entre. Sub, o prefixo Leva hífen antes de r, como em sub-região, e b, como em sub-bibliotecário.

16/06/1999
"Quem'' é só para uma pessoa

"As pessoas a quem (!) me referi...''

"As pessoas às quais me referi...''

O pronome quem deve ser usado para substituir uma só pessoa.

Galicismo

"Peças em (!) couro'', mas "Peças de couro''

"Móveis em (!) madeira'', mas "Móveis de madeira''

O emprego da preposição em nos casos destacados acima é galicismo, ou seja, imitação de construção francesa. A preposição em não indica a matéria de que é feita alguma coisa.

NOTA IMPORTANTE (16/6/99)

A dica que informava que o pronome quem deve ser usado para substituir uma só pessoa, enviada nesta data, soou incorretamente impositiva. Seria estranho fazer a concordância no plural com o pronome quem em casos como: "Não foram eles quem fizeram o texto". Essa concordância, embora correta, não é a mais desejável, pois causa estranheza, embora esteja abonada em muitas gramáticas. Nesse caso, pode-se mesmo dizer simplesmente: "Não foram eles que fizeram o texto''. Nos exemplos dados anteriormente, ressalte-se, a concordância estava gramaticalmente correta: "As pessoas a quem me referi" e "As pessoas às quais me referi".

15/06/1999
O "se'' inútil

"Para se (!) chegar a um consenso.''

"Para se (!) fazer isso, é preciso estar atento.''

"Livros bons de se (!) ler.''

"Questões por se (!) resolver.''

As frases acima têm em comum a partícula "se" empregada de modo redundante. Nesses casos, o "se'' pode ser eliminado em benefício da concisão e do estilo. Isso ocorre porque a estrutura de preposição (por, para, de) e o verbo no infinitivo já denotam frase de estrutura passiva, fazendo com que o "se" sobre. IMPORTANTE: o "se" redundante é considerado erro na Folha

14/06/1999
Bem comparando

O exemplo abaixo foi construído para esclarecer dúvidas recorrentes envolvendo comparações de valores.

A loja A vende o produto "X'' por R$ 20. A loja B vende o mesmo produto por R$ 100. Pode-se dizer então:

que A: vende o produto por 1/5 do preço de B, vende o produto por 20% do preço de B, mas jamais "vende por cinco vezes menos''. Note que essa última forma, embora coloquial, é absurda, pois uma vez menos algum valor é zero.

que B: vende o produto por cinco vezes o preço de A, vende o produto pelo quíntuplo do preço de A, vende o produto por quatro vezes mais o preço de A . Note que a palavra mais traz uma complicação, pois 20 (uma vez) + 4 x 20 (quatro vezes mais) = 100 (preço). Procure evitar, portanto, essa última forma.

Padrão

A Folha grafa mata atlântica e floresta amazônica com minúsculas porque se trata de tipos de vegetação.

18/06/1999
Abrir

"Abre (!) em SP mostra...''

"Começa em SP mostra...''

O verbo abrir exige complemento (quem abre abre alguma coisa). Portanto não use abrir como sinônimo de começar.

Iniciar

"Iniciou (!) nesta semana programa...''

"Começou nesta semana programa...''

As observações feitas acima sobre o verbo abrir valem também para iniciar, que não deve ser usado como sinônimo de começar. Iniciar significa dar início a alguma coisa ou inicializar um programa de computador.

17/06/1999
Variar

"O preço do quilo de café varia entre R$2 e R$5."

"O preço do quilo de café varia de R$2 a R$5."

O verbo variar não admite a preposição entre. Sub, o prefixo Leva hífen antes de r, como em sub-reptício, e b, como em sub-biblioteca.

16/06/1999
"Quem'' é só para uma pessoa

"As pessoas a quem (!) me referi...''

"As pessoas às quais me referi...''

O pronome quem deve ser usado para substituir uma só pessoa. Para substituir mais de uma pessoa, usa-se o pronome relativo o qual.

Galicismo

"Peças em (!) couro'', mas "Peças de couro''

"Móveis em (!) madeira'', mas "Móveis de madeira''

O emprego da preposição em nos casos destacados acima é galicismo, ou seja, construção afrancesada. A preposição em não indica a matéria de que é feita alguma coisa.

NOTA IMPORTANTE (16/6/99)

A dica que informava que o pronome quem deve ser usado para substituir uma só pessoa, enviada nesta data, soou incorretamente impositiva. Não seria bom fazer a concordância no plural com o pronome quem em casos como: "Não foram eles quem fizeram o texto". Essa concordância não é a mais desejável, pois causa estranheza, embora esteja abonada em muitas gramáticas. Nesse caso, pode-se mesmo dizer simplesmente: "Não foram eles que fizeram o texto''. Nos exemplos dados anteriormente, ressalte-se, a concordância estava gramaticalmente correta: "As pessoas a quem me referi" e "As pessoas às quais me referi".

15/06/1999
O "se'' inútil

"Para se (!) chegar a um consenso.''

"Para se (!) fazer isso, é preciso estar atento.''

"Livros bons de se (!) ler.''

"Questões por se (!) resolver.''

As frases acima têm em comum a partícula "se" empregada de modo redundante. Nesses casos, o "se'' pode ser eliminado em benefício da concisão e do estilo. Isso ocorre porque a estrutura de preposição (por, para, de) e o verbo no infinitivo já denotam frase de estrutura passiva, fazendo com que o "se" sobre. IMPORTANTE: o "se" redundante é considerado erro na Folha

14/06/1999
Bem comparando

O exemplo abaixo foi construído para esclarecer dúvidas recorrentes envolvendo comparações de valores.

A loja A vende o produto "X'' por R$ 20. A loja B vende o mesmo produto por R$ 100. Pode-se dizer então:

que A: vende o produto por 1/5 do preço de B, vende o produto por 20% do preço de B, mas jamais "vende por cinco vezes menos''. Note que essa última forma, embora coloquial, é absurda, pois uma vez menos algum valor é zero.

que B: vende o produto por cinco vezes o preço de A, vende o produto pelo quíntuplo do preço de A, vende o produto por quatro vezes mais o preço de A . Note que a palavra mais traz uma complicação, pois 20 (uma vez) + 4 x 20 (quatro vezes mais) = 100 (preço). Procure evitar, portanto, essa última forma.

Padrão

A Folha grafa mata atlântica e floresta amazônica com minúsculas porque se trata de tipos de vegetação.

O somatório

Devemos dizer o somatório, e não a somatória. Do "Aurélio'': "[De somar + -(t)ório.] S. m. 1. Mat. Soma dos termos de uma sequência qualquer; somação. 2. Fig. Soma1 (5). 3. Estat. Soma de soma dos resultados. Adj. 4. Que indica uma soma''. Somatória é palavra inexistente na língua como substantivo. Só pode ser usada como adjetivo. É usada como substantivo pela semelhança com soma, palavra feminina.
É isso mesmo!

O plural de mau-caráter é, atenção, maus-caracteres.

10/06/1999
Por que pra não leva acento

A forma reduzida pra, de para, não deve ser acentuada porque é preposição e, como tal, é palavra átona.

Redundância

"Antonio atingiu o objetivo enquanto que (?!) José se perdia em devaneios.''

"Antonio atingiu o objetivo enquanto José se perdia em devaneios.''

"Enquanto que" é uma forma do padrão coloquial, mas que não é aceita no padrão culto pelo que encerra de redundância.

Repare que, sem o que, a frase fica melhor.

09/06/1999
Se ele revir...

"Se ele rever (!) a posição...''

"Se eu revir minha posição...''

"Se ela revir a avaliação...''

No futuro do subjuntivo, a primeira e a terceira pessoa do singular são revir. A forma rever pertence ao infinitivo. Assim, estaria correta uma construção como: "É preciso rever o projeto". Usa-se o infinitivo antes de uma preposição, e o futuro do subjuntivo antes de uma conjunção ou do pronome quem.

08/06/1999
Se, singular e plural

"Vendem-se casas'', porque casas são vendidas.

"Precisa-se de casas'', note que não se diz: "Casas são precisadas".

A voz passiva leva à concordância de número: "Alugam-se casas'', pois casas são alugadas; "Consertam-se roupas'', pois roupas são consertadas. Mas, quando o verbo pede preposição (de, para, por, sobre, em), advérbio ou adjetivo, a regra não é válida, e o verbo não varia: "Trata-se de questões menores'', pois não dizemos "São tratadas de questões menores".

Em via de

"Estava em vias (!) de mudar.''

"Estava em via de mudar.''

A expressão é "em via de''.A forma "em vias de" não é da norma culta, mas da língua popular, embora um dicionarista registre como correta.

07/06/1999
Abusar de

"Soubemos que elas foram abusadas sexualmente."

"Soubemos que elas sofreram abuso sexual."

"Soubemos que elas foram vítimas de abuso sexual.''

Abusa-se de alguém, abusa-se de algo: "Abusa-se da boa-fé'', "Abusa-se da bebida''. Ninguém é abusado, assim como ninguém é precisado. Note que a forma abusado tem acepção não aceita na norma culta: "Fulano é abusado, não conhece limites''. Nessa frase, fulano é o agente da ação, e não a vítima.

Autodestruição

Escreve-se assim mesmo, sem hífen.O prefixo auto só pede hífen antes de vogal, h, r e s (HORAS).

04/06/1999
Quem tem?

"O programa terá gasto 60% dos 16 milhões que têm (!) à sua disposição."

"O programa terá gasto 60% dos 16 milhões que tem à sua disposição."

O caso acima é exemplar de um erro comum. Houve uma confusão com o sujeito da frase, que aparece distante do verbo. O sujeito é programa, singular, e não milhões.

Ortografia

"O homem havia cansado de frustar (!!!) a mulher."

"O homem havia cansado de frustrar a mulher."

O verbo é frustrar.

02/06/1999
Férias

"Fulano de Tal saiu de férias."

"Fulano de Tal saiu em férias."

As formas empregadas acima estão corretas. Note que elas valem também quando se emprega o verbo estar:

"Fulano de Tal está em férias." - não recomendada
 
"Fulano de Tal está de férias.'' - melhor

"Frente o", "Frente a"

"Foi a maior valorização da moeda frente o dólar."

As expressões "frente o" e "frente a" não existem na norma culta da língua.

Nesse caso, escreva utilizando as formas abaixo:

"Foi a maior valorização da moeda diante do dólar."

"Foi a maior valorização da moeda em relação ao dólar."

01/06/1999
Obviedade

"A média de espera foi de quatro horas, mas houve quem esperasse mais.''

Uma média pressupõe valores superiores e inferiores. Se houve quem esperou mais, houve também quem esperou menos. O trecho destacado é, portanto, uma obviedade.

Redundância

"Alegou que o produto era de seu uso pessoal."

"Seu'' e "pessoal'' são empregados de forma redundante na frase. Não existe uso impessoal. Abaixo, construções alternativas:

"Alegou que o produto era de uso pessoal."

"Alegou que o produto era de seu uso."


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