quinta-feira, 21 de maio de 2020

Dicas do Programa de Qualidade (3)

29/10/1999
Concordância com o numeral

"A estimativa é feita com base nas (!) quase 80 milhões de apostas.''

"A estimativa é feita com base nos quase 80 milhões de apostas.''

Em caso de numeral seguido de especificador, o artigo antecedente deve concordar com o numeral, no caso 80 milhões, e não com o especificador apostas. "Os milhões de brasileiras que fazem dupla jornada'' e não "As milhões de brasileiras que fazem dupla jornada''.

28/10/1999
Bom-tom

"Não é de bom tom (!) imiscuir-se no assunto alheio.''

"Não é de bom-tom imiscuir-se no assunto alheio.''

Bom-tom, da expressão de bom-tom, é com hífen.

À custa de

"Vive às custas (!) dos pais.''

"Vive à custa dos pais.''

A expressão correta é à custa de. Não a coloque no plural. 'Custas' deve ser usado apenas no sentido de despesas de processo.

27/10/1999
Erário são os recursos financeiros do poder público

"Deve-se punir quem dilapida o erário público.''

"Deve-se punir quem dilapida o erário.''

Erário, segundo o "Aurélio", é o mesmo que fazenda (na acepção de "recursos financeiros e econômicos de um país") ou fisco ("conjunto de órgãos da administração pública destinado à arrecadação e à fiscalização de tributos"). Logo, "erário público" é um pleonasmo, pois não existe erário privado. Não use essa expressão.

26/10/1999
Adequar, verbo defectivo

"Segundo o ministro, os laboratórios não se adequam (!) às novas normas.''

"Segundo o ministro, os laboratórios não se adaptam às novas normas.''

Adequar é verbo defectivo _isto é, não tem conjugação completa. No presente do indicativo, só existe em duas formas: adequamos e adequais. No presente do subjuntivo, idem: adequemos e adequeis. No imperativo afirmativo: adequemos e adequai. No imperativo negativo: não adequemos e não adequeis. Nos outros tempos, conjuga-se regularmente, como cantar. Nesses casos, utilize outro verbo ("adaptar", por exemplo). Dica: o "Aurélio" eletrônico dos terminais da Redação tem um dispositivo de conjugação verbal. Basta escrever o verbo e apertar a tecla "eu/tu/ele". Consulte-o sempre que tiver dúvidas. O dicionário Houaiss considera o verbo como regular: adéquo, adéquas, adéqua, adequamos, adequais, adéquam (presente do indicativo), adéque, adéques, adéque, adequemos, adequeis, adéquem (presente do subjuntivo), com o imperativo obtido de acordo com o esquema já conhecido.

25/10/1999
Sujeito com "quem"

"Quem mata bandido,(!) mata gente inocente também.''

"Quem mata bandido mata gente inocente também.''

Outro erro bastante comum. "Quem mata bandido" é o sujeito da frase acima; não pode ser separado do predicado ("mata gente inocente também") por vírgula. Não a coloque em casos semelhantes: "quem diz o que quer ouve o que não quer", "quem sabe faz a hora" etc., embora alguns gramáticos considerem essa vírgula facultativa, outros como obrigatória e outros como proibida ou desnecessária, exceto em caso de ênfase.

Ao encontro de/ De encontro a

"A idéia vem de encontro aos anseios dos países da região.''

"A idéia vem ao encontro dos anseios dos países da região.''

A frase pretendia explicar que os países da região apoiavam a idéia. Nesse caso, a expressão é ao encontro de, que significa em direção a ou a favor de. "As idéias do deputado vão ao encontro das do senador", por exemplo, equivale a dizer que os parlamentares concordam. De encontro a significa oposição, choque, e equivale a contra: "Seu carro foi de encontro ao poste". Quem diz "a decisão do filho foi de encontro aos desejos da família" está se referindo a um quebra-pau familiar.

21/10/1999
Por que, porque

"A Marinha não esclareceu porque (!) há divergências...''

"A Marinha não esclareceu por que há divergências.''

Por que se escreve separado quando significa "por qual razão": "A Marinha não esclareceu por qual razão há divergências". Porque serve para introduzir explicação ou causa e pode ser substituído por "pois". Na literatura, pode indicar finalidade e ser substituída por 'para que': "Ela não foi à festa porque estava doente/Ela não foi à festa, pois estava doente/Alertei-o porque não se impressionasse com o filme". Note que essa substituição é impossível na primeira frase. "A Marinha não esclareceu, 'pois' não há divergências" não faria sentido.

20/10/1999
De + o

"O risco do (!) milionário perder dinheiro é pequeno nesses casos.''

"O risco de o milionário perder dinheiro é pequeno nesses casos.''

A primeira frase contém um dos erros mais frequentes no jornal. Como escapar dele? Preste atenção.

O complemento de "risco" não é "o milionário", e sim "perder dinheiro". Logo, não é o risco do milionário, mas o risco de perder dinheiro por parte do milionário. Nesse caso, não se faz a contração de + o. A regra não é rígida. Muitos aceitam essa contração como uma variante linguística.

Como regra, não junte de + o ou de + a quando, em casos semelhantes, o verbo vier logo após o substantivo. Por exemplo, "hora de a onça beber água", não "hora da onça beber água".

19/10/1999
Pessoas não são 'comunicadas'

"O presidente não foi comunicado (!) do fato.''

"O presidente não foi informado do fato.''

Ninguém pode "ser comunicado". Alguém comunica alguma coisa a outro alguém ("o presidente comunicou as novas medidas ao Congresso"). Ou seja, o que pode ser comunicado é um fato, nunca uma pessoa ou entidade. Estaria certo, por exemplo, dizer que as novas medidas foram comunicadas ao Congresso pelo presidente. Mas não se pode escrever que o Congresso "foi comunicado" sobre elas. Nesses casos, use "informado", ''avisado'' ou ''cientificado''.

18/10/1999
Voz passiva

"Pode-se exigir 50% de provisionamento...''

"Podem-se exigir 50% de provisionamento...''

Aqui, o "se" funciona como partícula apassivadora. A frase equivale a "podem ser exigidos 50% de provisionamento" (note que o verbo vem antes do percentual _50%_ e concorda com ele). Logo, o correto é "podem-se exigir". É o mesmo caso de "vendem-se casas"/"casas são vendidas".

14/10/1999
Ao encontro de/ De encontro a

"A idéia vem de encontro aos anseios dos países da região.''

"A idéia vem ao encontro dos anseios dos países da região.''

A frase pretendia explicar que os países da região apoiavam a idéia. Nesse caso, a expressão é ao encontro de, que significa em direção a ou a favor de. "As idéias do deputado vão ao encontro das do senador", por exemplo, equivale a dizer que os parlamentares concordam. De encontro a significa oposição, choque, e equivale a contra: "Seu carro foi de encontro ao poste". Quem diz "a decisão do filho foi de encontro aos desejos da família" está se referindo a um quebra-pau familiar.

13/10/1999
Crase e palavras masculinas

"A árvore foi arrancada à pedido (!) de um morador.''

"A árvore foi arrancada a pedido de um morador.''

Não custa repetir. Não há crase (fusão da preposição a com o artigo a) antes de palavra masculina: viajar a convite, traje a rigor, passeio a pé, sal e pimenta a gosto (não é setembro nem outubro), barco a remo, carro a álcool. Única exceção: quando está subentendida a locução prepositiva "à moda de" (ou "à maneira de / à semelhança de / ao estilo de / imitando"). Por exemplo, "móveis à Luís 15", "escrever à Machado de Assis".

12/10/1999
Qualquer, nenhum

"Os fabricantes não notaram qualquer problema.''

"Os fabricantes não notaram nenhum problema.''

Qualquer não é sinônimo de nenhum, nenhuma, mas sim pronome de sentido afirmativo, dado assim pelos dicionários, deve ser usado apenas com valor de indeterminar, generalização. Não deve ser usado em frases com sentido negativo. Não escreva "fez a conta sem qualquer erro", "os países não divulgaram qualquer comunicado sobre o assunto", mas sim "fez a conta sem nenhum erro", "os países não divulgaram nenhum comunicado sobre o assunto".

11/10/1999
Bênção, órgão

"O ministro vai pedir uma benção especial...''

"O ministro vai pedir uma bênção especial...''

Bênção é paroxítona terminada em ditongo; tem de ser acentuada (assim como órgão e órfão). 'Bença' é forma popular, típica da fala infantil ou despretensiosa, evite-a, exceto na reprodução de falas ou entrevistas. O corretor ortográfico dos terminais da Redação acusa o erro da primeira frase. Use-o com atenção.

08/10/1999
"Se" supérfluo

"É de se lamentar que a escolha tenha sido motivada por interesses políticos.''

"É de lamentar que a escolha tenha sido motivada por interesses políticos.''

Na primeira frase, o "se" está sobrando. Nesses casos, ele deve ser fulminado: "para obter bons resultados", não "para se obter bons resultados". O "se" só permanece quando o verbo é pronominal. Uma frase como "para se inscrever, o candidato deverá pagar uma pequena taxa" é, evidentemente, correta.

07/10/1999
Cassetete

"Foi agredido a golpes de cacetete.''

"Foi agredido a golpes de cassetete.''

Cassetete se escreve assim, com dois esses. A palavra vem do francês "casse-tête" (literalmente, "quebra-cabeça" _não o jogo, é claro). Consulte o "Aurélio" eletrônico disponível nos terminais da Redação.

05/10/1999
Extrema esquerda, extrema direita

"O atentado foi atribuído à extrema-direita.''

"O atentado foi atribuído à extrema direita.''

As expressões extrema esquerda e extrema direita, quando se referem a tendências políticas, não levam hífen. Extrema-direita e extrema-esquerda, com hífen, designam as zonas laterais do campo de futebol: "O extrema-direita driblou dois adversários antes de fazer o gol".

04/10/1999
Recém

"Recém admitido na revista...''

"Recém-admitido na revista...''

Recém é forma reduzida de recentemente. Como prefixo, antes de um particípio, deve ser grafado sempre com hífen: recém-chegado, recém-nascido, recém-publicado. Sua forma erudita é nuper-, que significa 'há pouco tempo', 'ultimamente'. No sul do Brasil, é muito usado como advérbio, modificando verbos no tempo pretérito.

30/11/1999
Risco de morte

"A Constituição permite o aborto nos casos em que a mãe corra risco de vida (!)."

"A Constituição permite o aborto nos casos em que a mãe corra risco de perder a vida."

A expressão "risco de vida", na primeira frase, é incorreta. Quem a escreveu quis referir-se a casos em que a mãe esteja com a vida em perigo isto é, corra o risco de morrer. Logo, o certo é risco de morte, pôr a vida em risco ou risco de perder a vida.

29/11/1999
Concordância com "avo"

"O funcionário recebeu 1/12 (um doze avos) de seu salário."

"O funcionário recebeu 1/12 (um doze avo) de seu salário."

A concordância com "avo" se faz assim: 1/12 (um doze avo), 2/12 (dois doze avos), 3/12 (três doze avos) etc. É como em 1/8 (um oitavo), 2/8 (dois oitavos) _e assim por diante. Atenção: no "Aurélio", essa concordância está incorreta.

26/11/1999
Ambiguidade

"Mata o marido e ruma para Hollywood, com sua (!) cabeça num tupperware."

"Mata o marido e ruma para Hollywood, com a cabeça dele num tupperware."

O pronome sua causa ambiguidade na frase. Trata-se da cabeça de quem: da mulher, do marido ou da pessoa com quem se fala? Prefira nesses casos a forma dele (a), de você, do senhor ou da senhora.

23/11/1999
Hora cheia

"Os ingressos serão vendidos entre 14h e 18h."

"Os ingressos serão vendidos entre as 14h e as 18h."

Antes de hora cheia (5h, 10h, 13h, 17h, 22h etc.), o artigo é obrigatório: "O curso vai das 14h às 17h"; " O jogo começa às 19h"; "Até as 20h, ninguém havia chegado à reunião" (sem crase nesse "até as").

22/11/1999
Não escreva "e nem"

"A entidade nunca foi consultada e nem (!) indicou ninguém."

"A entidade nunca foi consultada nem indicou ninguém."

No exemplo acima, nem equivale a "e não": "A entidade nunca foi consultada e não indicou ninguém". Nunca escreva "e nem" nesses casos. O correto é "não canta nem compõe", "ele não sabe representar nem dançar". Em ''Ele não veio e nem nos avisou'', subentende-se ''sequer'' após o ''nem'', logo, a frase está correta.

19/11/1999
Requerer e pedir

"O partido encaminhou requerimento pedindo (!) a cassação do deputado."

"O partido encaminhou requerimento de cassação do deputado."

"O partido requereu a cassação do deputado."

"O partido pediu a cassação do deputado."

A forma "requerimento pedindo'' é redundante, pois os verbos requerer e pedir são sinônimos.

18/11/1999
Acarretar, implicar

"O descumprimento da decisão acarretará na (!) paralisação do campeonato."

"O descumprimento da decisão acarretará a paralisação do campeonato."

O verbo acarretar, quando significa causar, ocasionar, é transitivo direto ("a enchente acarretou prejuízos") ou direto e indireto ("a medida acarretou pesados sacrifícios aos contribuintes"). Não existe "acarretar em". É um caso semelhante ao de implicar, também transitivo direto quando tem o sentido de trazer como consequência: "A decisão da Justiça esportiva implicou o rebaixamento da equipe". Resultar é transitivo indireto, regendo a preposição em. Implicar só terá preposição no sentido de ''ter implicância'' ou ''envolver-se''.

17/11/1999
Verbos irregulares terminados em "iar"

"Ele intermedia (!) transações escusas."

"Ele intermedeia transações escusas."

Os verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar são irregulares. Todos se conjugam da mesma forma: medeio, anseio, remedeio, incendeio, odeio. Isso vale também para verbos derivados, como intermediar: "Ele intermedeia". Para memorizar a regra, lembre-se das cinco primeiras letras desses verbos, que formam o nome "Mario". Observe que o verbo maquiar, embora também terminado em iar, conjuga-se regularmente, como comerciar: "Ela se maquia".

Eu medeio, eu anseio, eu remedeio, eu intermedeio, eu incendeio, mas eu NÃO odeio!

16/11/1999
Superlativos

"Os presos são mantidos em condições precaríssimas."

"Os presos são mantidos em condições precariíssimas."

Alguns adjetivos terminados em io (como precário, frio, sério, sumário) têm a letra i dobrada na passagem para o superlativo. Assim, temos precariíssimo, friíssimo, seriíssimo, sumariíssimo. Está consagrada na linguagem jurídica a expressão 'sumaríssimo'.

12/11/1999
Não use mesmo como pronome

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo (!) encontra-se parado neste andar."

"Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar."

O problema da frase acima _além de uma certa obviedade_ é o uso de mesmo como pronome, vetado pelos gramáticos. Não escreva esse termo quando puder ser feita substituição por ele ou ela: "O depoimento da vítima foi gravado com o consentimento dela", e não "O depoimento da vítima foi gravado com o consentimento da mesma". Mesmo é pronome demonstrativo, advérbio ou conjunção.

11/11/1999
Plural de fax

"Recebeu 30 faxes (!) em casa..."

"Recebeu 30 fax em casa..."

O plural de fax segue a regra geral para palavras terminadas em x, ou seja, é a mesma grafia do singular, assim como tórax (pl. tórax), xérox (pl. xérox). Faxes oficialmente não existe, apesar de um dicionário a registrar.

10/11/1999
Pessoa e silepse de gênero

"Uma pessoa de minhas relações, que vivia exilada em Londres, disse-me..."

"Uma pessoa de minhas relações, que vivia exilado em Londres, disse-me..."

As duas concordâncias acima são possíveis. Na primeira, faz-se a concordância de gênero: pessoa (fem.) exilada (fem.). No segundo caso, ocorre a chamada concordância ideológica ou silepse. Trata-se de um recurso estilístico: está-se referindo a uma pessoa do sexo masculino, e a frase que utiliza o masculino (exilado) é elaborada de forma a ressaltar isso.

09/11/1999
Corte o "se" supérfluo

"Vejo as notícias comprovarem o que era de se esperar (!)."

"Vejo as notícias comprovarem o que era de esperar."

Vale a pena ler esta dica de novo.Elimine o "se" toda vez que ele estiver sobrando na frase: "para obter bons resultados", não "para se obter bons resultados". O mesmo vale para expressões como "era de esperar", "era de prever", "era de imaginar" etc.

08/11/1999
Esquecer-se de

"Ele esqueceu de (!) colocar o título no texto.''

"Ele se esqueceu de colocar o título no texto."

Esquecer, quando seguido da preposição de, é obrigatoriamente pronominal ("esquecer-se de algo"). O verbo também pode ser transitivo direto. Ou seja, podemos escrever tanto "Ele esqueceu o que sabia" como "Ele se esqueceu do que sabia" _mas nunca "Ele esqueceu do que sabia".

05/11/1999
Baixo-astral, alto-astral

"O governo passa por um período de baixo astral (!).''

"O governo passa por um período de baixo-astral."

Baixo-astral e alto-astral se escrevem sempre com hífen.

04/11/1999
Trata-se de...

"Tratam-se (!) de opiniões respeitadas.''

"Trata-se de opiniões respeitadas.''

No caso acima, o verbo tratar é transitivo indireto e não permite a voz passiva (não dá para dizer "opiniões respeitadas 'são tratadas'"). Deve ficar, portanto, no singular ("trata-se de opiniões respeitadas"). É o mesmo caso de "precisa-se": "precisa-se de empregados", nunca "'precisam-se' de empregados". Caso se substitua 'tratar-se' por 'discutir', a voz passiva seria aceita: 'opiniões respeitadas são discutidas'.

03/11/1999
Crase e nomes de cidades

"A classificação é fundamental para que a equipe chegue à (!) Tóquio...''

"A classificação é fundamental para que a equipe chegue a Tóquio.''

Diferentemente dos nomes de estados e países, que podem ou não admitir artigo, em português, geralmente, nomes de cidades não pedem artigo. Logo, não pode haver crase (preposição + artigo feminino) antes deles: "chegar a Tóquio", "chegar a Paris", "ir a Roma". A crase só é possível quando o nome da cidade for determinado com um adjetivo ou uma locução adjetiva. Por exemplo, "foi à inigualável Paris", "chegou ontem à Roma dos imperadores".

02/11/1999
Showroom

"Os objetos estão expostos no show room (!).''

"Os objetos estão expostos no show-room (!).''

"Os objetos estão expostos no showroom.''

Showroom, local de exposição, é grafado sem aspas na Folha.

01/11/1999
Concordância com o verbo ser

"O motivo da alegria é (!) as votações.''

"O motivo da alegria são as votações.''

Em regra, o verbo concorda com o sujeito. Mas o caso acima é uma exceção. Quando o verbo ser faz a ligação de plural e singular, a concordância correta é com o plural, e o singular é concordância enfática: "O grande problema são os conflitos étnicos'' e não "O grande problema é os conflitos étnicos''; "O epicentro do poder foram os generais'' e não "O epicentro do poder foi os generais''.

28/12/1999
Intervir (1)

"Em Diadema, intervimos (!) no diretório...''

"Em Diadema, interviemos no diretório...''

O verbo intervir é fonte constante de erros. Lembre-se de que é flexionado como vir.

Intervir (2)

"Fulano interviu no diretório de Diadema...''

"Fulano interveio no diretório de Diadema...''

O contra-exemplo acima mostra erro bastante comum. Lembre-se: intervir conjuga-se como vir.

27/12/1999
Não há por que confundir

"Não há porque (!) magnificar o caso.''

"Não há por que magnificar o caso.''

É erro bastante comum usar porque, assim, junto, com o significado de razão pela qual. Nessa acepção por que é separado. Porque, junto, exprime explicação: "Está resfriado porque tomou chuva''. Pode-se fazer paralelo com as formas because e why, do inglês. A primeira equivale a porque e a segunda, a por que.

22/12/1999
Certeza de

"Fulano tinha certeza (!) que o projeto iria dar certo.''

"Fulano tinha certeza de que o projeto iria dar certo.''

Tem-se certeza de alguma coisa. Não confundir com uma frase como "A certeza é que venceremos'', em que a palavra certeza é seguida de verbo, não reclamando, portanto, a preposição de.

21/12/1999
Detrimento de

"Fulano priorizou uma coisa em detrimento a (!) outra.''

"Fulano priorizou uma coisa em detrimento de outra.''

Algo se dá em detrimento (prejuízo) de (e não a) alguma coisa.

20/12/1999
Cargos e hífens

diretor financeiro, sem hífen, pois está subentendida a forma "diretor da área financeira''.
Note que, sempre que essa substituição puder ser feita, o cargo não levará hífen: diretor jurídico, gerente comercial etc.

mas

diretor-geral, pois não se substitui por "diretor da área geral'', assim como diretor-gerente, economista-chefe, editor-adjunto etc.

16/12/1999
Broxa, brocha

"São mulheres tão perfeitas que todos brocham (!).''

"São mulheres tão perfeitas que todos broxam.''

Broxa (do francês brosse, escova) significa pincel grande ou, na acepção chula, indivíduo sem potência sexual. Brocha (do francês broche) significa, entre outras coisas, prego curto de cabeça chata, tacha.

15/12/1999
Em comemoração dos

"O evento é em comemoração aos (!) 500 anos do Brasil.''

"O evento é em comemoração dos 500 anos do Brasil.''

Na norma culta da língua, algo é feito em comemoração de alguma coisa, nunca em comemoração a (!) alguma coisa. Não confundir com homenagem, que pede a preposição a. "O evento é uma homenagem a Fulano e a Sicrano."

14/12/1999
Cada

"Foram inauguradas três salas de cinema, com capacidade para 120 pessoas cada."

"Foram inauguradas três salas de cinema, com capacidade para 120 pessoas cada qual."

Cada é pronome adjetivo; só pode aparecer acompanhando uma palavra, nunca substituindo um termo, não pode ser pronome substantivo. Logo, no exemplo acima, deve-se escrever "cada sala de cinema" _ou "cada uma", se não quisermos repetir "sala de cinema".

09/12/1999
A princípio, em princípio

"A princípio, o doente não teve febre."

Escreva a princípio na acepção de no começo, inicialmente.

"Em princípio, todos são inocentes.''

Escreva em princípio na acepção de em tese, teoricamente. Em princípio tem também o significado de antes de tudo, como na frase "No princípio era o verbo''.

08/12/1999
Rupia, a moeda

"A rúpia (!) foi desvalorizada ontem em 10%..."

"A rupia foi desvalorizada ontem em 10%..."

Rupia, sem acento, designa moeda. Rúpia, com acento, refere-se a gênero de plantas aquáticas.

03/12/1999
Não escreva "frente a"

"O secretário diz confiar numa valorização do real frente ao (!) dólar."

"O secretário diz confiar numa valorização do real diante do dólar."

Frente a, como na primeira frase, não existe em português. Substitua a expressão, conforme o caso, por diante de, perante, ante ou em relação a: "perante um juiz não se deve mentir" (e não "'frente a' um juiz"); "a Iugoslávia mantinha um alto grau de independência em relação ao bloco comunista" (e não "'frente ao' bloco comunista").

02/12/1999
Não escreva "vezes menos"

"A empresa A fatura quatro vezes menos (!) que a empresa B."

"O faturamento da empresa A equivale a um quarto do da empresa B."

O uso de expressões como "duas vezes menos", "três vezes menos" etc., embora disseminado, é incorreto. Note: dizer que a empresa A fatura uma vez menos que a empresa B significa que o faturamento de A é zero. Explique, nesses casos, que o faturamento de A é metade do de B, um terço do de B etc.

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