1) Em frases como "Ela trouxe os autos para eu ler", a preposição não está regendo o pronome eu, mas o verbo ler, motivo por que a ligação sintática é "Trouxe os autos para ler", e não "Trouxe os autos para mim".
2) Observe-se, assim, o uso adequado e correto do pronome nos exemplo seguintes: a) "Trouxe os autos para mim" (correto); b) "Trouxe os autos para mim ler" (errado); c) "Trouxe os autos para eu ler" (correto); d) "Para mim, ler os autos é tarefa demorada" (correto); e) "Para eu ler os autos, preciso de umas duas horas" (correto).
3) Em casos dessa natureza, significativo é o lembrete de Luiz Antônio Sacconi: "não aparecendo verbo posposto, claro está que o pronome já não será sujeito". Esse gramático cômico diz que mim é sempre complemento ou adjunto, nunca pode ser sujeito, só na língua dos índios, que, aliás, não é português: mim trabalha, mim caça, mim pesca.1
4) Anote-se, todavia, que a existência de verbo no infinitivo não é necessariamente um sinal de que o pronome seja seu sujeito, fato esse que se comprova com a própria alteração de ordem dos termos da oração. Exs.: a) "Para mim, ler os autos é tarefa demorada" (correto); b) "Ler os autos é tarefa demorada para mim" (correto).
5) Em complementação a esse aspecto, atente-se à oportuna observação de Édison de Oliveira de que, "às vezes, por troca de ordem, o infinitivo, que não devia estar após esses pronomes, acaba por ocupar essa posição e, nesse caso, mantêm-se as formas mim e ti". Ex.: "Para mim ir ou ficar não faz diferença" (= "Ir ou ficar não faz diferença para mim").2
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