sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Dificuldades da língua portuguesa

  ABAIXO-ASSINADO / ABAIXO ASSINADO 

O documento que uma pessoa assina é um abaixo-assinado: 

Ex. Entregamos o abaixo-assinado ao diretor.. 

E quem assina um documento é um abaixo assinado: 

Ex. O abaixo assinado, Fulano de Tal, vem respeitosamente.... 

A FIM DE / A FIM DE QUE / AFIM A fim de e a fim de que são, respectivamente, locução prepositiva e locução conjuntiva que indicam finalidade. A primeira introduz adjuntos adverbiais de finalidade e orações subordinadas adverbiais finais reduzidas de infinitivo e a segunda, orações subordinadas adverbiais finais desenvolvidas.

Ex. Ele saiu cedo a fim de poder chegar a tempo. 

Estou a fim de ir ao cinema.

João está a fim de Maria.

Não confundir com afim, adjetivo, significando semelhança, parentesco ou ligação por afinidade. 

Exs. Vou convidar os amigos da faculdade e afins. / Os estados de Pernambuco e Paraíba são afins.

AGRAVANTE Agravante é palavra feminina, por ser uma circunstância, embora dicionários registrem como masculina. 

Ex. Havia uma agravante: o motorista estava alcoolizado.. 

A ANOS / HÁ ANOS Se é de tempo que falamos, usa-se há para indicar tempo passado ( mesmo que faz ). 

Exs. Há dois meses Carlos não aparece. / Ele chegou da fazenda há um ano. 

Usa-se a para indicar tempo futuro. 

Exs. Daqui a dois anos ele se manifestará. / Ele voltará daqui a um ano. 

HÀ MUITO TEMPO / A... 

Na indicação de tempo, empregamos. 

Há para indicar tempo decorrido, tempo passado; é o mesmo que faz: 

Ex. Há vinte anos que não ia à fazenda em que nasci. A para indicar tempo futuro. Daqui a cem anos talvez seja possível o deslocamento instantâneo de uma pessoa de um lugar para outro. 

Evite, porém, a construção há muito tempo atrás : ela é pleonástica, redundante. O verbo haver, referindo-se a tempo, dispensa o advérbio atrás porque indica tempo passado. Escreva simplesmente: há muito tempo ou muito tempo atrás. 

ACERCA DE / HÁ CERCA DE 

Acerca de é uma locução prepositiva, significando a respeito de. 

Ex. Os advogados do casal discutiram acerca da divisão dos bens. 

Há cerca de é uma expressão em que haver indica tempo decorrido, equivalente a faz. 

Ex. Há cerca de uma semana, os advogados discutiram a divisão de bens. 

AONDE / ONDE 

Usa-se aonde com verbos que dão idéia de movimento. Equivale sempre a para onde. Ex. Aonde você vai? 

E com os verbos que não dão idéia de movimento emprega-se onde. 

Ex. Onde estão os remédios?


2 ASTERISCO 

Eis um erro muito comum: o sinal gráfico * chama-se asterisco (em grego, asteriskos designa estrelas) e não asterísticos. 

BENEFICÊNCIA / BENEFICENTE 

Talvez por influência das palavras eficiência e eficiente é muito comum o uso das formas erradas: beneficiência e beneficiente. O correto, portanto, é beneficente e beneficência. O superlativo é beneficentíssimo.

BOA-NOITE / BOM-DIA 

Quando se trata de substantivo tem hífen: 

Ex. Ele me deu boa-noite e foi dormir. / mas / Mesmo dormindo no aconchego do lar, teve uma boa noite. Isto vale para bom-dia. 

Ex. Chegou cedo à escola e deu bom-dia a todos. / mas / Segunda-feira não é um bom dia para conversar com os torcedores dos clubes de futebol. 

MEIA-NOITE / MEIO-DIA Devem ser grafadas com hífen. 

CÂMARA / CÂMERA A grafia câmara é sempre correta: Câmara Municipal, música de câmara, Câmara dos Deputados, etc.

Quando quisermos referir ao aparelho que capta imagens e as reproduz, ou a pessoas que o utiliza, pode-se usar câmera: câmera fotográfica, câmera de vídeo, câmera lenta, câmera de segurança. Também se usa câmera para o cinegrafista.

COLORIR O verbo colorir é defectivo. Não possui a 1ª. Pessoa do singular do presente do indicativo nem presente do subjuntivo nem imperativo negativo. O imperativo afirmativo só possui a 2ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural. Nos demais tempos, é conjugado normalmente. Use eu pinto ou eu preciso colorir. Logo, não existe nem eu coloro (ô) nem colóro (ó). 

DESTRATAR Destratar significa tratar mal ; Distratar significa romper um trato. Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-se distrato, que é o antônimo de contrato.

Então, a frase Ele foi distratado pelo patrão está errada. O certo é Ele foi destratado pelo patrão. 

DESCRIMINAR / DISCRIMINAR Discriminar é segregar, separar, especificar. Uma pessoa pode ser discriminada devido à sua religião, sua raça ou condição social ou cultural. Uma nota fiscal discriminada é aquela em que os itens estão especificados. Descriminar é inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de ser crime, alguns juristas preferem utilizar o neologismo descriminalizar, já registrado nas edições mais recentes nos dicionários. 

EMBAIXO / EM CIMA Cuidado com a grafia destas palavras: embaixo temos uma única palavra, já o seu antônimo em cima deve ser grafado separado. Em baixo existe quando baixo é adjetivo: em baixa resolução.


3 (AO) ENCONTRO / (DE) ENCONTRO Ao encontro de e de encontro a, são locuções antônimas. A locução ao encontro de exprime conformidade, situação favorável. Ex. Ele veio ao encontro dos meus desejos (=satisfez os meus desejos). Já a locução de encontro a exprime oposição, contrariedade; Ex. Ele veio de encontro aos meus desejos (=contrariou os meus desejos). 

ESTADOS UNIDOS Quando o sujeito é um nome que só se usa no plural (Estados Unidos, Minas Gerais, Alagoas, Patos, Campinas, Santos, férias, etc.) e não vem precedido de artigo, o verbo fica no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo. Exs. Alagoas possui lindas paisagens. Ou: As Alagoas possuem lindas paisagens. Férias faz bem. Ou: As férias fazem bem. Os Estados Unidos enviaram poderoso reforço. / O Amazonas fica longe. 

ESTRESSE / ESTRESS Palavra originária do inglês stress já devidamente aportuguesada, portando prefira sempre a grafia estresse. Veja que da forma aportuguesada obtemos as formas derivadas: estressado, estressante, etc. 

FÉRIAS Entrar de ou em férias. Tanto faz. É um caso facultativo. Você pode entrar de férias ou em férias, ficar de férias ou em férias, sair de férias ou em férias. 

FLUÍDO / FLUIDO A palavra fluido, empregada como substantivo ( corpo grosso ) ou como adjetivo ( característica de certas substâncias líquidas ou grossas ), não tem acento. Já a palavra fluído, particípio passado do verbo fluir (correr, provir, derivar ), recebe acento agudo no i, que forma hiato. 

FACE A locução face a (às vezes mutilada, restando o simples vocábulo face), cujo emprego aumentou acentuadamente de uns anos para cá, é uma construção estranha à língua portuguesa, portanto evite-a, embora consagrada. A forma certa é em face de, ou então, perante, diante de ou na presença de.

INVÉS / EM VEZ Ao invés de significa ao contrário de. Ex. Ao invés do que previu a meteorologia, choveu muito ontem. Não confunda com em vez de, que quer dizer no lugar de. Ex. Em vez de jogar basquete, preferimos ver o vídeo do casamento do Carlos.

4 GRAFIA DE SIGLAS O uso de maiúsculas e minúsculas em siglas, observa estes critérios: As siglas formadas por até três letras são grafadas em maiúsculas PL, CBD, ONU, OAB, etc. Nos casos de siglas com mais de três letras usamos inicial maiúscula e as letras seguintes, minúsculas. Sunab, Unesco, Telebrás, etc. Mas as siglas formadas por mais de três letras que não puderem ser pronunciadas como uma palavra, também serão escritas só com maiúsculas. PSDB, INSS, etc. 

HAJA VISTA A expressão haja vista é invariável: haja vista o Brasil, que vai se recuperando da economia; haja vista as proporções do nosso crescimento populacional. Finalmente, há a forma haja vista a (Haja vista a estes magníficos exemplos) e ainda há quem faça concordância do verbo haver com o elemento que vem depois de vista: Hajam vista as dimensões do Brasil. Mas, repita-se: a mais usada é a forma invariável haja vista. Existe haja visto, que é tempo composto do verbo ver. Como conectivo, não existe haja visto, haja vistos ou haja vistas.

MAU / MAL Ela em geral acorda de mau humor. O contrário de bom é mau; o contrário de bem é mal. Então, se diz bom humor, deve-se dizer mau humor. Mau é um adjetivo. Sempre modifica um substantivo. Ex. Ele não é mau aluno, mas sempre teve maus professores. Já a palavra mal pode ocorrer como: Substantivo: Isto é um mal necessário. Advérbio: Eles cantam muito mal. Conjunção: Mal cheguei, vi que ela estava triste. Prefixo: As mal-amadas sempre são malcriadas. 

MEU VER Atenção: nessa locução não ocorre artigo. Portanto é a meu ver, e não ao meu ver, embora seja facultativo o uso do artigo antes de pronomes possessivos.

MENOR / DE MENOR Expressão popular largamente utilizada que significa de menor de idade, que ainda não atingiu a maioridade. No padrão culto, deve-se utilizar a forma menor de idade. O mesmo vale para o antônimo de maior. Exs. Ser menor de idade. Ser maior de idade. Em vez de: Ser de menor. Ser de maior. 

NÍVEL A nível de é um modismo que quase virou um abuso, podemos dizer. Evite-o. Em vez de: Trata-se de uma portaria a nível de ministério, diga simplesmente: Trata-se de uma portaria ministerial. Existe, porém, a expressão ao nível, que significa a mesma altura. Ex. Santos está ao nível do mar. Substitua esse modismo por: em se tratando de, no que se refere a, do ponto de vista de, relativamente a.

5 ÓCULOS Quando significa lentes usadas em frente dos olhos, encaixadas em uma armação, o substantivo óculos só se usa no plural: os óculos, meus óculos, etc. É inadmissível dizer: um óculos. (Desejando-se usar o singular, talvez fosse aconselhável a expressão par de óculos; meu par de óculos; este par de óculos; etc.) 

A PAR / AO PAR A par = estar ciente. Ex. Ele está a par de tudo Ao par = título ou moeda de valor idêntico: Ex. O câmbio está ao par 

PERDA / PERCA Nunca se esqueça que perda é substantivo e perca é verbo. Evite a perda de tempo para que você não perca dinheiro. Não é correto dizer perda a esperança, nem reclamar das percas salariais. Diga: - Perca a esperança... / - Perdas salariais... 

(A) PRINCÍPIO / (EM) PRINCÍPIO (B) A PRINCÍPIO SIGNIFICA INICIALMENTE, EM PRINCÍPIO SIGNIFICA EM TESE.

C) PORQUE / POR QUE Juntar as duas palavras por e que ou mantê-las separadas é matéria controvertida. A melhor norma prática a se seguir é esta: só juntar os dois elementos num único caso quando se tratar de uma resposta ou de uma explicação; nos demais casos constituem a grande maioria, separar os dois elementos. 

Exs. Não fui ao cinema porque estava sem dinheiro; Não posso casar porque estou desempregado; Reagi à ofensa porque não sou covarde; Já sei por que fui reprovado; foi porque não estava preparado. Veja a seguir as quatro grafias e seus empregos: 

1) Por que Usa-se para fazer uma pergunta, direta ou indireta. Exs. Por que você não me esperou? (pergunta direta) Quero saber por que você não me esperou. (pergunta indireta) Emprega-se, também, para substituir pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais, por qual, por quais. Exs. As dificuldades por que passei... (= pelas quais) Ignoro por que razões ela fez isso. (= por quais) 

2) Por quê É também interrogativo e se emprega sempre que vier imediatamente seguido do sinal de interrogação (na interrogação direta), ou de ponto final (na interrogação indireta). 

3) Porque É empregado para dar uma resposta ou explicação. Exs. Por que você não me chamou? Não o chamei porque você estava ao telefone. Não comprei a casa porque ela é muito pequena. Deixem-me ir agora, porque já estou atrasado.

6 4) Porquê Trata-se de um substantivo, sinônimo de causa, razão, motivo. É por isso que vem precedido de artigo, o, os ou um, ou de numeral, pronome possessivo, indefinido ou demonstrativo.

Exs. As crianças querem saber o porquê de tudo. Tudo na vida tem muitos porquês, A ciência procura os porquês dos fenômenos.


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